Se tomarmos no sentido humano e sob o aspecto carnal as palavras do Evangelho [o Filho não pode de si mesmo fazer alguma coisa, se não o que vir fazer o Pai], a alma ficará cheia de fantasmas [i, e, representações], e nada mais conseguirá do que umas imagens com dois homens, o Pai e o Filho; a imagem de um que mostra e de outro que vê, de um que fala e de outro que ouve. E tudo isso são ídolos do coração.
Uma coisa interessante de notar é que Agostinho chama de ídolos as, por assim dizer, reificações mentais a respeito das palavras de Jesus no Evangelho. No tratado XX, na metodologia de ascensão ao suprassensível, Agostinho diz: "Se vos derdes consideração do que é simples produto do vosso espírito sujeito a erro, falais com as vossas imagens, e não com o Verbo de Deus, e as vossas imagens vos enganam"**, e continua: "Elevai-vos acima do corpo, e saboreai as coisas do espírito. Elevai-vos acima do espírito, e saboreai o que diz respeito a Deus"***
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*AGOSTINHO - Tratados Sobre o Evangelho de João. Tratado XIX.1.
**Ibidem. XX.11.
***Ibidem.
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