O início da
vida humana se dá por meio do espírito humano, e isso já é o suficiente para
fazer crer naquela razão libertadora que nos diz que apesar da estrutura
absurda, cruel e trevosa do mundo, há um local da vida que permanece
inteiramente intacto, onde podemos exercer de maneira invencível a nossa
liberdade, e que se constitui como o ponto de partida de toda a nossa liberdade
humana possível: o espírito.
No entanto,
mesmo o espírito humano necessita de iluminação, afim de que ele não fique a
deriva ou entregue para si mesmo. O ser humano está fadado a ser dependente de
uma base sólida, e isso independentemente onde esta base esteja, ou independentemente do
momento em que a vida de cada um de nós se encontra. Não é por simples acaso que se esquecendo de Deus, o ser
humano se entregou para as mais diversas crenças redentoras: a crença na
ciência, na política, no trabalho, no dinheiro, na nação, no conhecimento, ou
até no desespero e no desejo integral de destruição, para que através do
"caos criativo" emergisse um mundo e sociedade puros - tal como se
deu nos macabros sistemas gnósticos que guiaram o pensamento político do século
passado, como por exemplo o Nazismo e o Comunismo.
Mas em fim,
para guia integral do espírito humano, Deus nos deixou uma "luz no
mundo", uma esperança encarnada eterna que confessadamente diz em Jo 18:36
que o seu reino não pertence a este aeón (era), e que todo este mundo presente
sobrevive como criação divina, ainda que dominada pelo absurdo, e que dele não
devemos esperar aquela perfeição pertencente apenas ao século futuro, o que nos
coloca dever de, por isso mesmo, nos entregar absolutamente à obra do ao amor
em Deus e à caridade para com o próximo. (Jo 15:12), como nos ensina
Lutero:
"A Paz tem somente uma origem: quando se ensina
que nenhuma obra, nenhum modo externo nos torna retos, justos e
bem-aventurados, mas somente a fé, isso é, a boa confiança na visível graça de
Deus que nos é permitida. [...] E onde não existe esta fé, tem que haver muitas
obras que têm por consequência a
discórdia e a desunião, de sorte que ali não há mais lugar para Deus. [...]
Quando é preservado esse espírito possuidor de toda
a herança [o espírito que por fé crê na possessão no bem divino], então também
o corpo e a alma podem ficar livres do engano e obras más." (LUTERO,
Martinho - O Magnificat - Ou: a Exegese do Cântico de Maria. p. 29)
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