Muito do dito "espírito cristão" está
fundado, infelizmente, em um moralismo e legalismo nada cristãos, cuja prática,
antes de fazer bem ao que pratica, traz, na verdade, a destruição.
Tudo isso ocorre porque as pessoas acreditam que a autenticidade dos
atos de amor relatados na Bíblia devem ser compreendidos à luz dos simples
esquemas formais como lá estão relatados, ou a forma que costumeiramente são
interpretados, desconsiderando as funções que tais atos representavam na vida dos atores; por exemplo: Jesus
disse que "bem aventurado são os mansos". Esse mandamento não é algo
a ser considerado como uma espécie de atitude de submissão invariavelmente
definida em todos os momentos da vida e para todas as vontades, pois, se isso
se desse, se pregaria o cultivo de um espírito estritamente submisso que, no
fim das contas, mais faria mal do que bem, mas cativaria do que libertaria.
Eliminamos o mandamento?
Não, mas, pelo contrário, colocamo-lo em seu próprio lugar, e isso por que a
bíblia não traz um catálogo de regras que devam ser compreendidas por si só
como trejeitos e formas, mas sim assimilados à luz do significado que clareia a
experiência, conferindo unidade à consciência que, com maturidade, vai
discernindo a realidade nos mais diversos contextos da vida.
Há muitos cristãos que sofrem por causa de seu comportamento legalista
que se manifesta como uma moralidade indefinidamente submissa diante do imoral,
pois esse último, com vileza, abusa da sensibilidade moral alheia, manipulando
ao seu bel prazer as pessoas por meio de suas consciências, enquanto nada cobra
de si mesmo. Contra esse, a forma de caridade pode vir como tolerância ou
retaliação. Tudo dependerá do discernimento que, aos poucos, a graça que nos
conduz à liberdade vai nos conferindo.
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