Como vemos na
Bíblia, para Adão e Eva o próprio paraíso era insuficiente. No entanto, com seus
respectivos espíritos banhados pelos ares do progresso, decidiram fazer uma
melhoria no paraíso em que viviam. O resultado foi que acabaram por pôr tudo
abaixo.
Não que em nosso velho mundo não devamos querer melhoras, mas o que penso sobre o não contentamento humano é que o próprio homem pode ser alguém insatisfeito no paraíso, e que ao sair por aí desejando criar um mundo melhor ele acaba por implodir aquele velho, familiar e monótono mundo, onde tudo é tão do tamanho do coração humano, perdendo-o para todo o sempre.
É justamente este o resultado por se fazer do lugar-comum da mudança um adjetivo positivo. Qualificamos, como metafísicos modernos, a mudança como uma coisa "boa-em-si", fazendo do acidente uma substância, não porque o que permanece o mesmo seja ruim, mas porque insatisfeitos conosco mesmos.
Contudo, na incapacidade de reformarmo-nos a nós mesmos,
decidimos, em nome da libertação, revolucionar o mundo transformando-o à nossa
imagem e semelhança, mas uma vez despida da sua imagem divina acabamos por
tornar o nosso mundo em não-lar e em algo inumano ou mesmo anti-humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário