Bem, depois de tudo é só esperar para ver o MST invadir uma propriedade e dessa confusão sair um direitista invocando ou brandindo em punhos a Constituição em defesa fervorosa dos seus "direitos inalienáveis", fundamentando o seu discurso em uma cláusula pétrea.
Ou pior, espero a hora em que o Supremo se colocará novamente acima da Constituição com uma Súmula, dando direito ao Estado de confiscar propriedades por força de "princípios" ou por uma hermenêutica histórica qualquer dizendo tais e tais motivos de "interesse social" para autorizar a estatização de grandes empresas, desapropriação de casas e terras o quanto o Estado desejar.
Aliás, a nossa constituição não é lá generosa com a propriedade. Mas quem se arrisca à feitiçaria jurídica, criando o direito penal do inimigo, não pode ser ingênuo o bastante para achar que reduzir o direito do outro, por mais inimigo que esse outro seja, não seja, ao mesmo tempo, reduzir o próprio direito.
Os bucaneiros jurídicos, os piratas morais, a tribo legislativa, pensa que pode se dar o direito de assaltar o vizinho e, ao mesmo tempo, de ficar escandalizado quando o vizinho lhe devolver o favor o assaltando também. Esses são os falsos conservadores plantados nessa terra roubada e que em nada diferem dos inimigos que atacam.
Mas Lula é apenas vítima da escola que patrocinou por achar, junto com o PT, que o direito é uma doutrina "deles", algo para favorecer as "elites" e que por isso poderia ser desprezada (desprezada com o punho esquerdo levantado, como bem mostrou José Dirceu e José Genuíno).
Aliás, é essa redução de tudo à política que gerou esse espetáculo horrendo do qual os esquerdistas são também culpados. Ao exercitar o direito da gritaria, como por exemplo no caso do Impeachment que eles interpretam como "Golpe", cegados e surdos para a lei, os squerdistas fabricaram também o fél que agora bebem, pois enquanto se desconsidera a letra da lei, tudo fica reduzido à política, sendo a verdade apenas a verdade de quem derruba o adversário.
O vale tudo, a desconsideração das regras, o partidarismo dogmático que cegou as pessoas à verdade, o desejo de vingança e a ausência de abertura para a consideração imparcial das coisas, a manifestação da lei como a lei do mais forte, isso não é o prenúncio do melhor dos mundos. A incapacidade de se elevar acima do dogma político é o que lançou a razão para fora do debate, submetendo tudo a um clima de trincheira.
O diabo passou diante dos pseudoconservadores e ofereceu Lula, e lá foram eles lançar para o abismo os seus ditos princípios para caírem alegremente em tentação.
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