sexta-feira, 6 de abril de 2018

A Transgressão da Ordem do Ser

   Platão dizia que o Estado, ou a Pólis, era constituído por uma hierarquia de virtudes que correspondia a uma hierarquia de ocupações no Estado. Aristóteles fez uma divisão entre o bios teorétikos (filósofo da vida contemplativa) e o estadista, que para Platão deveria ser um só: o Rei Filósofo. Como Aristóteles, separei ambos.
   Essa era a ordem: 1°) A sabedoria que corresponde à existência do filósofo que julga o certo e o errado (bios teorétikos), e que contempla a Lei Natural e por isso ele é o professor natural do homem público; 2°) A fronésis ou a prudência que é a virtude do político e do homem de Estado que faz e julga as leis com isonomia, o que corresponde também à lei positivada; 3°) A andreia ou coragem que é uma virtude da classe guerreira e que se institucionaliza nas forças armadas; 4) A moderação que é natural ao homem de negócios e, de resto, à sociedade civil livre e que se mantém livre pela moderação.
   Nesse sentido, a Lei é sim necessária, não sendo o campo de ação de idealistas, mas sim daqueles que devem se servir da prudência, pois quando esta falta o que ocorre é uma fratura da ordem do ser, trazendo a catástrofe para a sociedade como um todo.
   Agir apenas com paixão, coragem e convicção, deixando de lado a moderação, a prudência e a sabedoria, é o que faz a sociedade descarrilar em direção ao caos. Mas hoje o que há é um enxame barulhento e convicto de si mesmo e que confunde o bem com aquilo que eles pensam sobre o bem.

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