Os rabinos contam que, quando Deus foi criar o homem e a mulher, Ele ficou em dúvida. Valeria a pena cria-los? Na sua intuição divina, Deus suspeitava que teria problemas com o homem e a mulher mais do que com qualquer outro ser criado, por que eles iriam faltar com a verdade e evoluir para serem grandes mentirosos.
Deus, então, chama Seus auxiliares para
trocar uma ideia. Pergunta Deus à Justiça se valeria criar o homem e a mulher. Ele responde que não seria uma boa ideia, uma vez que
iriam traí-Lo. A misericórdia, por sua vez, discordou da Justiça, dizendo que,
ainda que o homem e a mulher trouxessem problemas, mentindo e traindo Sua
confiança, nenhum outro ser daria a Deus maior alegria em uns poucos momentos.
A alegria seria, assim, um detalhe em meio a um mar de desilusões. Sabemos
pelos rabinos que Deus sempre apreciou os detalhes.
Deus para, pensa e decide criar o homem e a
mulher, mas, decide também jogar a Misericórdia e a Verdade no chão, e
despedaçando-as em milhares de pedaços, lança-as sobre a Criação, espalhando-as
como pérolas ao vento sobre o mundo. Decide Deus, então, cravar no coração do
homem e da mulher uma paixão infinita pela Misericórdia e pela Verdade, obrigando-os
a buscar, pela vida inteira, como numa sede infinita, esses pedaços, sem os
quais suas almas jamais teriam paz, apaixonados por conhecer a totalidade da
verdade e por sentir um pouco de misericórdia em meio a um mundo indiferente a
eles. Amém
*Luiz Felipe Pondé: A
Era do Ressentimento; ed. Leya; p. 169, 170
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