Estabelecer uma relação de semelhança entre o Comunismo e o Cristianismo é coisa de principiante ou charlatão. Querer legitimar o Socialismo por causa da pregação e exigência ascética de Jesus é desconhecimento puro da história, teologia e política, ou é desonestidade consciente.
Uma das causa é que no cristianismo não se pode fazer caridade
forçada com o dinheiro alheio - como o socialista faz. Uma outra causa é
histórica: veja se Fidel Castro possui vida de abnegado; veja os bilionários do
Partido Comunista Chinês; veja a vida de Czar de Stálin. A História nos mostra
algo curioso: a tendência dos grandes do comunismo é viver de modo a dar inveja
aos maiores burgueses e banqueiros do mundo.
O cristianismo e a comunidade do livro dos Atos possuem algo que
o socialista odeia: a voluntariedade pessoal - pois toda a
"igualdade" socialista é conquistada a força, ou pela via legal.
NENHUM APÓSTOLO EM ATOS OBRIGOU NINGUÉM A VENDER NADA. Não havia, e nunca houve
uma imposição por decreto do dever de ser caridoso no cristianismo. Não há leis
de expropriação de terras ou de propriedades pessoais, e nem nada desta
natureza com o intuito de estabelecer uma vida igualitária. Haviam meios no
Antigo Testamento que favoreciam os pobres - verdade! -, mas que são
diferenciados do socialismo por muitos motivos.
Politizar o cristianismo é o pior projeto que alguém pode fazer.
Cristianismo é uma religião da alma, da consciência pessoal, da transformação
do coração. O socialismo odeia consciência pessoal, personalidade e o individuo
- só quem não conhece a teoria coletivista não conhece o caso. Se Jesus exigiu
o rico vender tudo para ser perfeito, isso não tornou-se a conditio sine qua
non para alguém ser um cristão, e nem para o arrependimento.
Haviam diferenças entre classes na Bíblia? Sim, é lógico que
haviam. Haviam ricos? Sim, haviam e nunca houve a condenação de um rico pelo
simples fato de ele ser um rico. Haviam pobres? Sim, a maioria - a riqueza
generalizada é uma realidade histórica recente. Havia obrigação para com os
pobres? Sim, sempre houve, como sempre houve, pela via cultural, esta obrigação
em países de matiz cristã, independente de ser um país socialista.
A ideia em torno da qual deve gravitar a nossa desconfiança é a
do monopólio da virtude: será que é necessário o socialismo para a existência
de um autêntico cristianismo? O que vemos no socialismo é isso: um amor
eufemístico pelos pobres, e a hipocrisia daqueles que querem colocar pesados
fardos nas costas do outro e não ousam empurra-los nem mesmo com um dedo (Mt
23:4). Sempre houve caridade no mundo, mas o erro é exigir amor por decreto.
Bondade e virtude forçadas não geram recompensa, não trazem gratidão, não são
realizações com base na bondade e liberdade.
Se os cristãos conhecessem mais a história do cristianismo (de
como reverberou de Cristo essa abnegação pelos pobres em pessoas realmente
cristãs), assim como conhecessem, de fato, a história do socialismo, não
acumulariam tanta vergonha para si mesmos ao defender uma ideologia que, no
transcorrer da história, não fez outra coisa que criar líderes assassinos nos
países onde se efetivou totalmente um governo nos moldes coletivistas, e
assassinar, por baixo, 140 milhões de pessoas em menos de um século, espalhando
uma onda de miséria sem precedentes.
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