quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Igreja Reformada, a Lei e a Liberdade


  Na Reforma - principalmente nos setores da Igreja Reformada - o que predominou foi o entendimento de que lei e liberdade possuem uma relação indissolúvel. E isso significa que não era apenas a fé que importava, ou a Graça, mas a moral também era fundamental - até para compreendemos o que é a Graça. 

  Esse equilíbrio entre Graça e Lei é a razão da ordenação de muitas sociedades protestantes e aquilo que impediu de estas sociedades sucumbirem às ações de revolucionários fanáticos e dos totalitários. A Bíblia não apenas anuncia a Graça, também nos confere mandamentos, pois segundo ela, Deus, quando se revela, não é apenas salvador, mas também é legislador. Qualquer um que não está sob a lei de Deus não pode estar sob a sua graça. 

   Se por um lado temos os legalistas que ligam mais para a moral do que para a graça - sufocando a vida do homem - e por outros temos os fanáticos revolucionários que desejam destruir todo o tipo de ordem em nome de uma liberdade absoluta, a Bíblia nos ensina que sob Deus o homem, na sua presença, vive na junção da lei e da liberdade, o que evita com que sejamos legalistas ou liberticidas, mas um tipo de homem cuja personalidade se encontra centrada em Deus.

A Revelação, a Razão e a Edificação




   
O fanatismo religioso é uma das formas com que a destruição do homem e da sua razão se manifesta. A revelação cristã não vem para aniquilar o indivíduo, para destruí-lo, enlouquecê-lo, ou para torná-lo um alienado, fazendo com que esse siga de forma abobada, ou como um indivíduo lobotomizado, qualquer fanático que saiba dizer "amém" ou "Deus falou comigo". Ao contrário disso a revelação vem justamente para edificar o homem afim de que ele possa atingir a grandeza para a qual foi criado e para que ele utilize, para glória de Deus, o máximo da potencialidade da sua razão em toda as possibilidades de manifestação dessa - seja isso no campo da ética, no campo estético, científico ou religioso -, pois "A revelação não destrói a razão: é a razão que suscita a pergunta pela revelação". (Paul Tillich)