sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Uma Pequena Reflexão Sobre os Princípios
Sobre as Coisas Permanentes
A questão relacionada à concepção do que viria a ser “natural”, ou não ser “natural”, pode parti de um ponto de vista ou de outro, é lógico. No entanto, a ideia de “natural”, como a defino aqui, não é necessariamente a de natureza biológica, pois esta noção de natureza fundida com a noção de biologia é uma criação recente do empirismo. Não possui, grosso modo, quinhentos anos.
Quando digo “natural” eu recorro a uma tradição antiga que a compreende como ordem, e de uma ordem que, no mínimo, é captada pela razão humana – já ouviu falar de “luz natural da razão”?
A natureza biológica não pode definir aqui o que viria a ser “natural”, ou “racional”, pois algumas noções de ordem não são implícitas no modo de ser de natureza, pois, por exemplo, não poderíamos retirar um modelo de família a partir dos macacos bonobos, já que estes, via de regra, cometem incestos e pedofilia. Não é deste natural que eu digo. Falo, como fala Russell Kirk, da existência de um princípio de ordem, de coisas imorredouras e permanentes, ou de uma ordem moral (no sentido de morus, ou costumes) duradoura, pois, nas palavras dele, “Essa ordem é feita para o homem e o homem é feito para ela: a natureza é uma constante, e as verdades morais são permanentes” (KIRK. Política da Prudência. p. 104).
Sendo assim, tais ordens são transcendentes no curso do tempo, são maiores do que o período de uma vida humana finita, e permanecem para muito além dela. Isso não está relacionado com religião e não depende dela, já que pode ser vista como uma constante em várias culturas. Por exemplo, a ideia de família é majoritariamente imutável em diversas culturas, e pode muito bem resistir ao tempo sem necessidade de ação humana. A ideia de hierarquia de valores, a supervalorização da vida intelectual, as hierarquias de poder, são, necessariamente, coisas indestrutíveis e permanente, e por mais que se façam arranjos isso não pode se prolongar de maneira indefinida no tempo. Uma das coisas que podemos chamar de “anti-naturais”, é, por exemplo, a tentativa de supressão da singularidade, individualidade e variedade humanas por meio da tentativa de forçar uma igualdade – seja intelectual, seja de beleza humana e até econômica – por meio da política. O programa de revolução cultural na China, por exemplo, só prova como a tentativa de estabelecer uma nivelação cultural pode ser opressor e anti-humano. Esse programa se constituiu, basicamente, da tentativa de nivelar culturalmente a população chinesa, e como elevar toda a população ao nível dos gênios se mostrou impossível, logo se tomou a via mais fácil: o governo caçou de maneira sangrenta todos os gênios e opositores da revolução (sobrando apenas aqueles pertencentes ao Partido responsável por manter a igualdade – com exceção deles mesmos) para que todos fossem UNIFORMIZADOS em suas almas, por assim dizer – o que, evidentemente, não deu certo também.
É aqui que encontramos a dignidade de uma filosofia conservadora, pois ela é a única que pode tolerar a diferença concreta no mundo, já que sabe que, historicamente, a uniformidade humana é algo materialmente e absolutamente impossível. Nesse sentido podemos afirmar que a hierarquia social e a variedade é algo INTRÍNSECO e constitutivo da própria sociedade e de grupos sociais. Todas as tentativas de suprimir isto na história em nome da paz acabou em uma violência inimaginável, sendo esta violência infinitamente superior àquela que eles diziam estar combatendo. Desta forma – e pego o historiador Niall Fergusson como referência -, existem coisas que são como leis na história, e é com base neste tipo de lei (que esta acima de toda a ideologia) que podemos, tal vez, estabelecer uma ciência – e boa ciência, aliás – do homem, ou dos homens. São coisas pequenas e cotidianas que NÃO SÃO CONSTRUÍDAS. São, aliás, CONSTANTES. Por exemplo: tenho certeza que não seria possível considerar os seis últimos mandamentos do decálogo como “socialmente construídos”, pois, do contrário, tenho absoluta certeza que se levado a execução da abolição dos seis últimos mandamentos ao nível global, é óbvio que o mundo seria imergido absolutamente no Caos informe.
Afirmo de novo, isso não é religião – ainda que estejam em muitas religiões -, mas faz parte de uma ORDEM IMORREDOURA, que transcende o limite dos séculos e dos milênios, ordenando a vida e definindo espaços de liberdade para o homem – já que a própria liberdade não é um princípio em si, pois se a liberdade fosse aplicada de maneira indefinida, ela tenderia a anular-se a si mesma, já que é óbvio que a absoluta liberdade do mais forte tenderia a anular a liberdade dos mais fracos. São estas ORDENS que são captadas pela LUZ NATURAL DA RAZÃO, e aplicadas de maneira constante na HISTÓRIA HUMANA. Não existe civilização possível sem coisas assim – Freud e Claude Lévi-Straus já afirmaram que culturas sem tabus são absolutamente inexistentes e materialmente impossíveis, e com isso é possível perceber que, sim, EXISTEM LEIS que não podem ser quebradas sem o preço vermos desmoronada a base da civilização. É isso que algumas pessoas não entendem.
Existem determinados grupos ou associações humanas que desejam ser chamado de “famílias”. No entanto a única que é uma família com dignidade acima de todos os outros arranjos, e que é feito para o homem e o homem é feito para ela, é aquela onde temos pai, mãe e filhos, já que esta constituição de família só não é possível – convenhamos – na eminência de uma tragédia, tragédia esta que DEVE ser evitada. Equalizar em dignidade este tipo de família com outros arranjos é um absurdo em si mesmo, e vai contra a razão. É, também, desumano!
Por tanto eu não estou aqui falando de leis positivas, e nem de religião, mas de conjunto de elementos intrínsecos de uma ordem natural. Não é religião, já que Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Thomas Hobbes, Richard Hooker, Schelling, Kant, Edmund Russerl, Erich Voegeling, Russell Kirk etc. afirmaram a existência de “coisas permanentes” se valendo da FILOSOFIA. Para mim o conhecimento destas LEIS é a única razão, por exemplo, para se estudar história, pois é a única coisa que pode justificar a seguinte frase: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la” – e aqui obviamente no sentido dos erros, já que repetir os acertos não é mal, não é? -, pois a História busca CONSTANTES, PRINCÍPIOS, LEIS, se não não seria possível nos valer de alguma edificação pessoal ao investigar ela, e não haveria razão para tanto, já que não retiraríamos daí nenhum bem. Sendo assim, por último, esta ORDEM é a única coisa que pode salvar e justificar a RAZÃO HUMANA, pois possibilita vermos aquilo que é e aquilo que não é, discriminando uma coisa e outra.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
A Dialética e o Pensamento Perverso
Eu sou o apóstolo de minhas ideias, e responsável por elas, independentemente do que dizem x ou y acerca de x ou y assuntos. Não é porque citamos algum autor ou concordamos com determinadas ideias que alguém também professa, que nós, ipsis literis, aderimos de maneira incondicional a tudo o que alguém diz ou pensa. Somente uma criança, um inepto ou quem tem sérios problemas psicológicos, mentais ou morais pode analisar discursos assim.
Existe uma técnica que poucas pessoas conhecem, que é a técnica da dialética - ainda que ela seja a forma própria de meditação ou de qualquer investigação humana -, e que se serve de um processo de depuração de ideias, permitindo que façamos a separação científica de coisas boas das coisas ruins até chegar a um conceito ou ideia pura. Isso serve para a análise da História, das personalidades e de grupos. É o procedimento de qualquer análise científica. Nesse sentido, caro amigo, você pode até acreditar em uma ideia boa, que é também esposada - pelo menos em seu enunciado - pelo próprio Lula, ou pelo Renam Calheiros, sem necessariamente apoiar as razões perversas por meio das quais eles aderem a tal ideia, ou sem ser deixado levar pelo ardil psicológico ou pela vaga emocional com por meio das quais tais sujeitos publicam a mesma ideia. Um exemplo disso é a forma como eles apoiam a ideia de "justiça social", com a qual todas as pessoas com um mínimo de coração concordam também.
Esse negócio de não ser possível separar a ideia do sujeito é pura falta de habilidade intelectual, ou até mesmo representa a superabundância de perversidade daqueles que sabem que podem derrubar algum desafeto por meio de associação entre ideias e pessoas, não fazendo a distinção entre ideias e pessoas, misturando uma coisa à outra, e não dando atenção ao contexto da evolução das ideias ou aos filigranas (pequenas inserções que podem modificar o sentido total de um texto). A técnica é simples: basta você encontrar enunciados ou ideias que indivíduos perversos divulgaram, e encontrar semelhanças entre esses e ideias e enunciados que algum inimigo seu também publicou - sem levar em conta o contexto, a evolução das ideias ou como elas foram aplicadas historicamente -, e pronto: você tem um falso argumento poderoso para dizer que um desafeto seu é mau, sem necessariamente dizer explicitamente que ele é mal: a própria associação da conta do recado. Qualquer um que estude retórica sabe que este ardil é extremamente utilizado em retóricas de partidos políticos, nas disputas de poder, no jornalismo, nas academias, e também nas disputas judiciais.
No entanto eu dou uma pista para que se possa chegar a aquilo que eu tenho defendido, por hora: recorra ao que eu escrevo - o que não esta encoberto - e me pergunte pessoalmente o que eu penso sob determinados assuntos. É com isso que você encontrará "provas" contra mim. Somos indivíduos, e como indivíduos cada qual deve ser tomado como indivíduo, e não como alguém absorvido em uma massa informe de pensamentos e pessoas (o que Freud já descrevia como a característica própria de um bebê com relação a sua mãe). Já não sou mais criança para ter sobre mim tutores.
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
A Experiência de Dalrymple
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Conflito de Visões
A Crise do Feminismo
No entanto aquilo que se tornou IDEOLOGIA DE GÊNERO dentro do próprio pensamento feminista tende a anular a premissa fundamental de luta contra a “opressão feminina”, já que a premissa fundamental que embasa o sexismo é que existem as espécies “MACHO e FÊMEA”, e que a fêmea é explorada pelo macho; e se a filosofia feminista de hoje defende que tais espécies inexistem, logo a tese de que o macho explora a fêmea também não existe, o que seria, na verdade, apenas uma exploração interna do GÊNERO HUMANO e não de ESPÉCIES dentro do GÊNERO, já que ESPÉCIES (como MACHO e FÊMEA), segundo a IDEOLOGIA DE GÊNERO são “socialmente construídas”, sem um fundamento na realidade.
Isto leva a crer que não importa quem esteja no topo da estrutura de poder, se são homens ou mulheres, pois basicamente “homens e mulheres” não existem enquanto espécies, mas sim enquanto entidades dentro do GÊNERO humano. Seria possível, no mínimo, defender uma ideia de luta de classes, mas jamais uma luta sexista dentro da ideologia de gênero, pois a ideologia de gênero anula automaticamente o sexismo ao proclamar a sua ideia, o que faz com que a filosofia feminista entre em uma crise insolúvel, já que não parte de uma continuidade lógica, o que seria basicamente o pecado original das filosofias hoje existentes.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Thomas Hobbes, a Paz e a Ordem
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Cultura, por Roger Scruton
A Prisão de Ferro
terça-feira, 8 de setembro de 2015
Revolução ou Gratidão
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Os Problemas e o Mundo
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
Um Pouco de Russell Kirk
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Valor e Preço
Quando um ministro chinês fora indagado sobre a razão pela qual o seu país continuava a ter relações comerciais irrestritas com o Sudão, ainda que estivesse ocorrendo uma guerra civil onde a covardia incidia por parte dos governantes naquele país, o ministro chinês simplesmente respondeu: "negócios são negócios".
Por isso: eliminar as travas dos valores (o lócus privilegiado das religiões e dos costumes, por exemplo) é dar livre curso à revolução da morte - e isso não tem preço que pague, pois é caro demais.