segunda-feira, 18 de maio de 2020

Racionalismo Diabólico e o Olavo de Carvalho

   Olavo de Carvalho tem uma tendência racionalista muito evidente e, devido a isso, pouco estômago para a noção de contingência. O que isso quer dizer?
   É simples: em sua postura altamente racionalista o Olavo tende a considerar a história política como racionalmente dirigida: sempre há planos, projetos e intrigas ocultas por trás de todos os eventos políticos, levando tudo, como um deus lebniziniano invertido, para o pior dos mundos possíveis.
   Parece que aqui há pouco espaço para a aleatoriedade e para a contingência na equação política olaviana - o que agiganta os poderes humanos desmensuradamente -, ou seja, pouco espaço sobra aqui para a interferência de eventos não racionalmente dirigidos que simplesmente ocorrem - como eventos naturais -, sem que haja o dedo humano a controlar os processos históricos.
   Nem Hegel chegou a tanto, pois ainda que afirmasse uma "astúcia da razão" na efetivação histórica do Espírito Absoluto, essa efetivação se dava também mediante realidades contingentes, não racionais, independente de coação humana, atuando assim como atua a Providência Divina, a qual usa para os Seu fins até as fortes paixões humanas, prescindindo do dirigismo racional absoluto do homem.
   Há pouquíssimo disso em Olavo de Carvalho, e o que mais há é o dirigismo do raciocínio diabólico no qual, ao que parece, o demônio sempre vence, escapando dessa vitória aqueles imunizados mediante a participação paga do seus curso de filosofia.

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