quarta-feira, 18 de junho de 2014

Contra o Socialismo

  


  O governo socialista é o resultado da fusão do poder político e econômico nas mãos do governo. Já nas democracias capitalistas o que impera é a divisão dos poderes, sendo o poder político separado do poder econômico. 

   Quando, por exemplo, um indivíduo sofre o agravo de um capitalista em um governo de economia capitalista, o agravado tem a possibilidade de se refugiar na sombra do governo; e, por outro lado, se o governo começar a se valer de um poder persecutório sobre aquele que o incomoda - por exemplo -, aquele que é perseguido pode se refugiar nos braços de alguns empresários - a exemplo de muitos judeus que conseguiram se refugiar da perseguição nazista por meio do apoio de empresários que os abrigaram, como Schindler e outros. No entanto, em um governo que funde o poder econômico e político, se algum indivíduo for perseguido pelo governo, onde é que ele encontrará refúgio, a não ser em Deus mesmo? 

   Essa foi uma das constatações que me fez desacreditar totalmente em qualquer espécie de socialismo, pois o mesmo, jamais tornou-se, assim como jamais se tornará, um Comunismo de fato - Comunismo que é materialmente e espiritualmente impossível, assim como injusto na raiz. 

   Nunca houve na história da humanidade uma concentração de renda tão grandiosa como aquela fomentada por governos socialistas, cujo aparato de poder de ação só é possível quando, em uma nação, o seu poder transborda, e muito, sobre todos os capitalistas juntos. O que podemos pensar de uma mega concentração de poder nas mãos de poucos? Isso nunca deu certo, assim como nunca poderá dar certo, de fato. 

   Mas o que mais espanta é que o mesmo socialismo só é possível por meio da colaboração coletiva, onde cada qual oferece o seu quinhão na concessão de um poder gigantesco para uns poucos - seja conscientemente ou por negligência -, convencidos pela lisonja da vida mais fácil. Mal sabe aquele que assim contribui que constrói uma mão não para esmagar, mas, antes de tudo, para ser esmagado. 

sábado, 7 de junho de 2014

Escritura, Nazismo, Virtude e Lucro





   Vamos começar com a leitura de dois versículos da Escritura:

   15 - Perfeito era nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.

   16 - Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste; pelo que te lançarei, profanado, fora do monte de Deus e te farei perecer, ó querubim protetor, entre pedras afogueadas [blilhantes]. (Ez 28:15-16)



   Um dos métodos de interpretação das Escrituras é o alegórico, onde predomina um princípio hermético que compreende a relação entre a história e as passagens bíblicas como círculos concêntricos, ou seja: na micro história bíblica se sobrepõe, significada por esta última, a macro-história universal (e vice-versa). 



   É por este método, compreendendo a Escritura em sua estrutura simbólica, que se faz possível a atualização do seu sentido, hoje, para todos aqueles que compreendem o texto bíblico como intérprete da realidade e como a fornecedora de orientações para a vida presente. 



   Lendo, hoje, na revista Super Interessante (ed. 333) a matéria de capa que trata do envolvimento de gigantes da indústria mundial na construção da Alemanha nazista, me veio uma luz que lançou uma clareza ímpar tanto sobre a Escritura, assim como sobre os eventos históricos e que, resumidamente, se trata disto: 

   01 - Com relação à "perfeição dos caminhos", basta lembrar que o III Reich foi tido como a apoteose da virtude, visto que no movimento foi visível o apregoamento de noções como higiene, fraternidade, fidelidade, trabalho árduo, disciplina, coragem, engajamento, cumplicidade, crescimento econômico e até mesmo a investidura de uma intensa piedade religiosa - interpretando o Füller como um tipo Messiânico do III Reich Milenar (que possui um misto de inspirações pagãs e bíblicas - Ap. 20:6) - foram patentes no Nacional Socialismo (Nazismo). 

   02 - Mas o Nazismo não foi apenas visto, em meio à intensa humilhação após a Primeira Guerra Mundial, como uma luz da virtude que impulsionou a esperança e o alavanque dos ânimos dos alemães para a reconstrução da nação, pois é notório o crescimento econômico vertiginoso experimentado durante o governo do Füller. Por exemplo, a IG Farbem - desmebrada após a Guerra - que contava com a participação de gigantes na área química como a Bayer, subiu o seu lucro de 5 milhões de marcos, em 1936, para 122 milhões de marcos em 1943. 

   Entre as empresas que investiram na reconstrução da Alemanha, assim como influenciaram o boom econômico, o fornecimento de armas, tecnologias para os campos de extermínio, participaram ativamente do governo e que se serviram do trabalho escravo, estão: A IG Farbem (Basf, Bayer e Hoescht - que colaboraram com os campos de extermínio na fabricação do gás Zyklon-B, utilizado nas câmaras de gás), a IBM (que forneceu uma tecnologia de informação para organização de campos de extermínio), Kupp, Siemens, Coca-Cola (desenvolvendo, na época nazista, a Fanta sabores uva e laranja), Nestlé, Dr Oetker, Ford, GM (General Motors), BMW etc. 

   03 - Não é preciso nos delongarmos para compreender o que veio ser a profanação do nome do Nacional Socialismo que, antes - ainda que tenhamos que fazer um esforço para vislumbrar isso (como faço até hoje!) -, era contemplado com uma auréola de de santidade, assim como o seu Füller!

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   Todas as empresas citadas a cima obtiveram lucros imensos, assim como a promessa de estabilidade e crescimento na Alemanha após a Guerra, mesmo que, em nome dessas promessas e por causa do lucro, tivessem que sacrificar os seus princípios por meio de trabalho escravo, colaboração com os campos de extermínio, financiamento das políticas racistas do Nacional Socialismo etc. 

   É de se notar que, hoje, muitas empresas e políticas públicas contam com um impedimento mortal: a moral judaico-cristã que, como se encontra registrado nas escrituras, proíbe o lucro na base da corrupção e do sacrifício humano como visto nestes dados. 

   Não é a toa que a busca pelo poder seja delimitado - não impedido - por meio de regras e princípios cristãos; e é certamente nisso que reside uma das motivações mais profundas do ódio que, hoje, se encontra voltado para o cristianismo bíblico e para os cristãos que professam a fé no mesmo. 

domingo, 1 de junho de 2014

A Gênese Real de Todo o Mal



   Para mim, uma das coisa que traz mais amargor ao meu coração é o divórcio. Mal sabem as pessoas que o casamento, na ótica de Jesus e do Novo Testamento (e infelizmente de maneira mais gritante no meio protestante, entre as ramificações do cristianismo), é algo indissolúvel. O advento da (i)moralidade moderna pôs o desejo pessoal de realização imediata - ou instantânea - acima do casamento.

   A mentalidade da relação como algo descartável é a responsável pela destruição e pelo enfraquecimento da consistência das relações humanas em suas mais diversas manifestações. Nunca termos como fidelidade, verdade, sinceridade, paciência, esperança, perdão, compreensão, doação e auto-sacrifício foram tão inacessíveis e detestados pelos homens, imperando no lugar dessas coisas, quase unânime, aquele método de sobrevivência baseado na falsidade integral, que expõe ao ridículo aquele que nega a mentira como uma arma de sobrevivência legítima.

   Nesse sentido, mentir é a regra fundamental para toda a "boa relação", assim como a pose e a aparência para satisfações daqueles que são guiados, apenas, pelas vistas e não pela via invisível dos valores.

   Não é de se admirar que em meio à desvalorização e degradação da ideia do casamento, surja uma sociedade hipócrita, amante de si mesma, cínica, lisonjeira, e com uma necessidade absoluta de aprovação alheia - resultado da solidão que lhe vem do desprezo metódico, da afetação de superioridade, do engano e da existência sedutora que satisfaz os sentidos, mas não podem remediar e dar segurança para a alma, sendo, na verdade, os meios de perdição da mesma.

   A falta de perseverança na construção de algo sólido, duradouro cujo resultado não pode vir do dia para a noite é, acima de tudo, sinal claro de decadência, pois a visão de mundo moderno apregoou que ser sábio é viver guiado pelo prazer presente, mesmo que isso seja feito às custas da tristeza alheia. Não é de se estranhar que a recompensa disso tudo seja a solidão atroz pela qual muitos se queixam, sem saber, de fato, que essa ilusão e auto-engano onde muitos procuram a felicidade é, na verdade, a gênese real de todo o mal.

Contemplação, Estética e Personalidade



   Tal vez uma das razões para a decadência da moral humana em um determinado lugar seja a ausência de exemplos modelares que indiquem a existência de uma realidade mais elevada, assim como um padrão mais alto pelo qual pautar a conduta pessoal em determinados momentos da vida. 
   
   Uma das funções definitivas da religião cristã - e por isso, uma das contribuições mais decisivas e essenciais para a vida humana - tal vez seja o apontamento para uma realidade que transcenda as movimentações ordinárias, indicando a falha nas mais diversas dimensões da existência. 

   Uma das contribuições decisivas da religião judaica - e endossada pelo cristianismo - foi a execração da ideia da divinização humana (como, por exemplo, em Ex 20:2), o que permitiu a contemplação de um padrão eterno, ainda que inatingível para a vida temporal, assim como leis fixas que não deveriam ser revogadas, ainda que o ser humano jamais pudesse, em suas falhas existenciais, cumprir em si as exigências provenientes da Lei divina (Rm 7).  

   Devido a isso, é de salutar importância a ideia da transcendência - ou mais precisamente a ideia de Deus - e do incondicionado em meio a cultura humana, pois tal transcendência possui um poder que alavanca e estimula a ascensão da consciência até ao nível de um padrão moral por meio do qual se pautar, permanecendo fixo e irrevogável pelos séculos dos séculos. 

   Não houve para a vida intelectual científica, religiosa e pública - a começar por Moisés e os profetas de Israel, Paulo, Sócrates, Platão, Aristóteles, os pais da Igreja, Lutero, Leibniz, Newton, Montesquieu, Descartes, Kierkegaard etc. - uma contribuição que inspirou de maneira mais decisiva a acensão antropológica e a construção e consolidação de ideias, culturas, leis, nações, modos de relação, de produção, e instituições do que a ideia de um Ente-de-Razão-Superior e Eterno, fundamento da realidade ou da moral, que fornece por si uma cosmovisão, quer para o indivíduo, quer para a sociedade, apresentando por Si Mesmo o Seu SIM ou o Seu NÃO a toda e qualquer ação desempenhada no âmbito da realidade. 

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   Em quê se pautar? A pergunta para essa resposta não pode ser fácil ou mesmo simplória, pois, nestes dois casos, o que se coloca em jogo é a resposta fundamental que indica para o ser humano como agir, pensar,  esperar, em fim: viver. 

   Uma resposta essencial para essa pergunta é dada ao ser humano através da religião, e não é atoa que aquilo que é colocado diante dos olhos do ser humano como um Ser Superior, objeto de sua contemplação, sempre se imponha, também, como o objeto supremo de desejo do adorador, seja o desejo da incorporação total dessa divindade em si mesmo, ou seja na participação das forças e energias divinas em meio a história da vida, eliminando, com isso, os problemas existenciais presentes, passados e evitando os futuros. 

   Na Bíblia, vemos da parte de Jesus um apelo: "Sede perfeitos como o vosso Pai Celestial é perfeito" (Mt 5:48), assim como da parte da tradição religiosa judaica: Sede Santos porque Eu, o Senhor vosso Deus, Sou Santo (Lv 19:02; e, paralelamente a isso: I Pe 1:16). Que seria isso, senão uma exigência para que o contemplador, ou adorador, se esforçasse para atingir o mais alto padrão de vida no contexto da própria vida, através da prática constante da espiritualidade, que envolve a compreensão da existência de coisas eternas e perfeitas, não constatáveis no contexto da existência humana individual ou coletiva, mas acima dessa e invencível sobre essa?

   Na prática da obediência a Deus, no âmbito da fé cristã, se encontra a prática da oração, onde por um envolvimento profundo do indivíduo na contemplação divina, através da fé - o que não pode ser concebido como a projeção do "meta-humano" de Feuerbach -, o ser humano é colocado, definitivamente, perante o Absoluto à quem ele roga, se espelha e deseja, em um movimento místico que atinge até as raízes do seu ser, promovendo curas psíquicas, físicas e meta-físicas - ou espirituais. 

   Não tratamos, aqui, essas coisas como puro idealismo, visto que as possibilidades de tal perfeição não possem a sua origem, puramente, do pensamento humano, mas sim numa correspondência à uma realidade de ordem superior a qual é intuída ou revelada, de onde emanam e se fundamentam a ordem, a perfeição, e onde reside, definitivamente, a razão e o significado do ser humano em seu estado mais belo, puro, perfeito, ou seja: universal. 

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   Não é por acaso que da negação de princípios fixos, da ideia do Eterno, do Verdadeiro, de um Bom-em-Si, assim como a ausência da contemplação de padrões elevados de vida, piedade e virtude - ou seja, da estética autêntica, que é um campo do conhecimento filosófico cujo objeto de estudo é o Belo -, siga-se uma relativização agressiva que coloca em xeque toda a fundamentação da moral, rebaixando a mesma ao nível da degradação total e deformando incontornavelmente a personalidade e cultura humanas.

   No contexto atual da sociedade brasileira, é óbvio que podemos enxergar uma cultura doente, sem senso de direção, perdida em si mesma, assim como frustrada com relação aos pontos de apoio que para si criou como meios de obter consolação frente às demandas da vida pessoal, política e mesmo religiosa. 

   A quantidade infindável de receitas, de criações culturais, de livros, programas terapêuticos, eventos, músicas, e soluções já criaram a falsa sensação de conforto por causa da opulência desses meios que chegam próximo ao infinito, pondo, até mesmo, uma nuvem pseudo-profilática que fornece apenas um paliativo, mas que no momento seguinte se revela como impotente para por um fim definitivo à dor do espinho da carne que incomoda intensamente, e que revela uma dimensão mais profunda e infinitamente mais séria do mal presente na humanidade.  

   A sede humana por padrões altos, assim como a exigência que por parte da sociedade humana se faz com relação às coisas ordeiras, justas que permitam a construção de uma personalidade moral autêntica - pelo menos no Brasil, onde essa exigência é profundamente alta, hoje -, apontam para um anseio humano de totalidade, de transcendência, cuja correspondência não pode ser menos do que o perfeito como uma resposta aos dilemas existenciais que pedem, a altos rogos, por cura, e nada menos do que Deus e a contemplação de Sua perfeição, beleza, eternidade e santidade pode fornecer um padrão definitivo de como pensar, agir e esperar e assim curar o cor inquietum (coração inquieto, em latim), que, segundo o bispo cristão Agostinho de Hipona, é o desejo eterno da alma pelo descanso em Deus.