sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Desgraçadamente Educados


   
   O "homem educado" é uma abstração. Uma metafísica inocente e um idealismo para covardes. Sempre penso que com um pouco mais de educação - não aquela educação de berço, mas esta do presente tempo -, a humanidade começará a caminhar sobre quatro patas.
 
   A agenda do mundo moderno nos propõe uma "ética da alteridade" - um tipo de "amor às árvores" -, e, ao mesmo tempo, um esquecimento do "eu". Um budismo moderno malversado que raia à escravidão. Propõe um esquecimento de conceitos e preconceitos essenciais - sim, preconceitos do bem existem, senhoras e senhores! -, e, de troca, alguns degraus abaixo na escala civilizacional. Mas, evidentemente, este último, como a parte oculta do entimema retórico, não é evidente para as massas, como exige uma boa propaganda.

   A retórica desta "ideologia do bem", nos tornou escravos de uma moral decrépita que atinge aqueles que vivem apenas na base do reflexo instintivo, pois, convenhamos: quem quer ser alguém "do mal", um "machista", "racista", "homofóbico" e tudo mais daquilo que podemos achar naquele manual contemporâneo da boa humanidade que, em sua própria essência, tornou-se um verdadeiro arsenal que apenas visa destruir desafetos, e cria-los em escala industrial? Ninguém! Por isso mesmo, vários mecanismos de defesa são desenvolvidos pelos mais símplices diante deste "titanismo do bem", que nos coloca sob uma suspeição aguda, ou até nos acusa por todos os lados.

   Não, não podemos ofender! Não podemos sair da linha da "ética contemporânea" onde todos são "inteligentes ao seu modo". Não podemos mais tirar um sarro daquela suposta moralidade que prega a igualdade de "afetividades", onde, se levado até às últimas consequências, nivelaria a existência de um cão à dignidade reverencial que existe no matrimônio entre nossos pais e mães. Essa "ética da alteridade" soa como algo ridículo. Esse "respeito" da modernidade a um suposto "outro".

   "Não!" - dizem eles. "Devemos destruir a escala dos valores para que não hajam desigualdades! Todos são dignos!" - e babam em suas gravatas, como dizia Nelson Rodrigues. São estes os agentes do bem! São os aniquiladores do eu e daquilo que de mais belo há no mundo, e os fomentadores de um falso "outro" - esta categoria metafísica sensibilérrima que se escandaliza com os dados mais concretos da existência: o sofrimento, infelicidade e a morte; dados que nos fornecem provas concretas de que não há um mundo nivelado ou perfeito; que o "mundo perfeito" nos escapa como o vento; que caímos em um abismo incomensurável, destruidor de qualquer espécie de "metafísica do mundo perfeito", da "felicidade plena", mas no qual devemos cair com coragem. Com fé. Dançando!

   A vida não é um dado manipulável no qual impomos as nossas regras. Antes, do mundo, somos levados, humilhados e, por isso, humanizados. A vida, por tanto, não é um presente - tal como o compreendo - para covardes, pois ela deve ser pega pelos cabelos. Deve ser vivida. Deve ser batalhada. Deve ser vencida. Mas não deve, em determinados momentos, ser estimada como um bem último - como demanda a compreensão para uma vida que prima existencialmente pela verdade, entregando-se ao sacrifício consciente de sua causa. À Deus - o sumo bem - a quem tudo deve ser dobrado. 

   Aqui viso primariamente uma existência do tipo aristocrático. Um tipo deseducado para os tempos modernos. Uma existência que se mantém em meio ao tormento, e que acolhe-o como um dado inegável do mundo. Um pensamento que acredita na hierarquia dos valores. No refinamento do espírito que, com agudez, persegue estes valores sem levar em conta as "categorias corretas" e corrosivas do presente século. Na verdade até as despreza, se lançando em um vácuo onde Deus o Diabo só podem ser vistos tal como eles são. Nos lançamos no mundo das profundezas. No mundo dos poucos. No mundo dos eremitas místicos do deserto - que não é, definitivamente, um lugar para este "outro" hipersensível até à efeminação.

   Não, não se deve desejar a fundação de uma ordem para os "não covardes", mas desejar a "plenitude do Espírito. Quero uma "plenitude do Espírito" que esculhambe todo o automatismo e que aniquile todas as espiritualidades infusas por um tipo de sociologia que amordaça, e aliena o ser humano de sua própria humanidade. Que o faz deitar em uma cama de procusto, amputando-o da sua própria transcendência. Que corta aquela transcendência divina que preenche o abismo imenso da alma do homem e que, também, a traspassa. Que a embriaga.

  Nascemos fundamentalmente para sermos humanizados, para sermos centralizado no eixo fundamental da existência que se dá quando atingimos a maturidade das nos almas. Quando atingimos a "plenitude de Cristo". Mas o pensamento moderno se fez atávico, opressor, desenvolvendo em nós uma fidelidade e subserviência caninos à ele, e, com isso, nos tornamos desgraçadamente educados.


OBS: Só escolhi esta pintura – que se chama "O Grito" - porque ela, para mim, traduz a agonia existencial de quem foi educado para acreditar que tudo neste mundo é digno do mesmo respeito.  

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Experiência Estética e o Evangelho Vivo




   No livro "Crime e Castigo", escrito pelo romancista russo Dostoiévski, figura uma tentativa de êxito pela busca da materialização de uma experiência metalinguística (além da capacidade de descrição das palavras) que, em tudo, possui o pleno potencial de desenhar um caminho de conversão através do vislumbre estético. Para o romancista russo, a "beleza salvará o mundo".

   Segundo o seu característico estilo literário de vislumbrar em meio às ruínas da humanidade uma luz redentora de glória, o autor desenha uma personagem por nome de Sônia, que fora levada pelos descaminhos da vida à prostituição, ainda que conservando de maneira profunda a sua fé em Deus e uma esperança de superação daquela situação tão ambígua e contraditória com relação às convicções que consigo carregava.

   Essa situação de contradição mortal entre a convicção de fé de Sônia e o seu estado existencial, assim como a força espiritual que plenificava a sua capacidade de suportar o mundo degradado no qual vivia, preencheu de perplexidade e espanto o principal personagem da trama, o jovem Rodion Románovitch Raskólhnikov, que após cometer um crime fundado em alguns pressupostos niilistas, encontrava-se por isso em uma agonia delirante, uma situação na qual só poderia escapar - acreditava - por meio do suicídio.

   Ao contemplar a força da jovem Sônia, o atormentado Raskolhnikov pergunta a esta o que a impede de cometer um suicídio, e abandonar aquela degradação na qual vivia, ao que ela responde que o amor aos seus irmãos, à sua madrasta, e, principalmente, a Cristo, do qual nutria uma fé excepcional e uma esperança de que, no fim das contas, tudo aquilo daria certo, tal como ocorrera com Lázaro, aquele que foi ressuscitado da morte como consta no Evangelho de João, era o que a impedia deste "salto".

   O corpo magro, as mãos frágeis de Sônia, e a sua vida marcada pela prostituição e degradação humana não deixou de ser um veículo da santidade e da glória que trouxe espanto à vida do jovem assassino, assim como a possibilidade da percepção de uma beleza espiritual que contraditara profundamente as suas convicções fatalistas, potencializando o estado de perplexidade, não no sentido do suicídio, mas em um outro sentido, que era o da experiência mística do reconhecimento de uma realidade espiritual que confere razão e sentido para a vida, e forças para a superação de toda a agonia existencial, descobrindo, assim, por meio desta experiência estética, uma beleza inquebrantável e invencível em meio a um mundo de ruínas e de degradação. Aqui, Sônia figura como um canal vivo da mensagem do Evangelho de Cristo e do próprio Cristo.
  
   O livro nos ensina algo de precioso, pois entre todas as mazelas humanas, as visíveis e invisíveis, as contradições internas e as manifestações externas desta contrariedade, algo supranatural, acima da capacidade da racionalização humana, objeto da devoção dos místicos e profetas, redesenha para novos rumos, sempre, em nossa vida, o caminho da fatalidade em direção à destruição total, mesmo que tudo em nós, ou fora de nós, possa dizer o contrário. Esse é o algo espiritual, belo, divino e que, sobre tudo, possui o potencial redentor, que constitui a ideia dostoievskiana de que "a beleza salvará o mundo"; e essa beleza é a beleza da Glória do Deus que ressuscita os mortos.  

sábado, 13 de dezembro de 2014

O Direito ao Assassinato

   
   
   O tipo de mentalidade revolucionária foi profundamente tratado por um dos maiores romancistas da humanidade, que foi o russo Dostoiéviski. Em seu livro "Crime e Castigo", o personagem principal da trama, o jovem Raskólhnikov, dotado de um brilhantismo e inteligência ímpar, teoriza sobre a ideia de que os homem geniais - como Maomé, Napoleão etc. -, criadores de civilizações, uma espécie de Übermensch (Super Homem), sempre, devido ao seu ideal revolucionário, será dotado do direito de assassinar quem quer que seja, passando sobre indivíduos que supostamente impedem a realização deste "ideal" para um "mundo melhor".

   O jovem Raskólhnikov se vendo como um destes personagens capazes de transvaloração, decide colocar a sua teoria em prática, assassinando uma determinada velha agiota (correspondendo àquele ente capitalista), que, segundo pensa, trata-se apenas de um lixo humano no mundo, odiado por muitos e, por isso, sem valor, o que transformaria o seu ato não em um assassinato, mas, na verdade, em um ato digno de um herói, ou de um homem que foi capaz da transvaloração.

   O que particularmente considero interessante em tudo isso é que este pensamento expressamente idealista, ou niilista, que se coloca a destruir as travas morais e tradicionais da cultura, em nome de uma suposta "missão" em favor de um "mundo melhor", é justamente aquilo que iria fatalmente se abater sobre a Rússia no século XX com o advento do Comunismo, que com a sua empreita destruiu a vida de mais de 40 milhões de pessoas. No fundo, o que Dostoiéviski faz é colocar alguns grupos florescentes em sua época, como os anarquistas e comunistas, sob suspeição, ainda que a vida sob a monarquia kzarista, a que estes grupos se contrapunham, não fosse nenhum um paraíso. No fim, ele aponta para o perigo mortal da suspensão dos valores cristãos - o que inclui, no romance, a questão relacionada ao valor sagrado da vida - que haviam formado o seu país, pautando as relações entre as pessoas. 

      Contextualizando para o Brasil dos nossos dias, nunca houve em nosso país uma tentativa tão brutal de desconstrução de valores que pautaram o nosso povo por tempos, e que agora se vêem ameaçados, por exemplo, por causa do idealismo e do desejo de sacralização de fantasias de pessoas que buscam incutir determinados valores, nos querendo convencer de que estes estão acima de qualquer contestação, como se fossem coisas mais sagradas do que a vida, valores estes que buscam instaurar um reino de liberdade destrutiva em prejuízo do mundo real, no qual inúmeras pessoas se sentem em paz com sigo mesmas, pautando o seu viver com base em valores universais construídos ao longo dos séculos. Assim também, vemos o empreendimento sistemático que busca vestir à força uma determinada ideologia política como se ela fosse a tradução fiel da realidade, passando por cima de todos; e para a realização destas coisas não importa se é necessário matar, roubar e mentir, pois estes construtores psicopatas do mundo melhor de antemão já estão imunizados destas culpas por causa deste ideal e deste mundo futuro que os absolvem retroativamente - ainda que este mundo futuro nem exista, vale lembrar.   

   No fim do livro, o jovem Raskólhnikov acaba por ser convencido, por causa de uma sucessão de eventos, sobre a questão metafísica mais importante a ser refletida por nós, hoje: o valor da vida. E, no fim, fica para todos nós uma lição fundamental que transcrevo por meio de uma pergunta: Será que os valores por meio dos quais pautamos a nossa vida no mundo e as nossas relações com o outro não são, no fim das contas, "travas", ou meios que possibilitam a conservação da vida, das pessoas que amamos e que nos impedem de atitudes absolutamente radicais que, no fim, seriam como que o princípio da destruição de todas as coisas?

O Contraponto



   A história do Jair Bolsonaro, como se sabe, vai para além da frase digna de uma mentalidade galinácea e estúpida proferida por ele contra Maria do Rosário do púlpito do Congresso Nacional. Esta condenação tão apaixonada, e travestida de "justiça" a favor das mulheres, encabeçada, também, por Dilma Rouseff, está muito bem relacionada, na verdade, com tudo aquilo que o Jair Bolsonaro representa e tem sido: não há ninguém mais agudo em sua crítica ao passado de Dilma, assim como ácido com relação à agenda gay do petismo e esquerdismo em geral - que tenta impor a "cosmo visão" erótica para crianças recém chegadas ao universo escolar -, assim como tem sido uma pedra no sapado da agenda politicamente correta e sacanamente política do esquerdismo em geral, do que Jair Bolsonaro.

   Para compreender a coisa de uma melhor forma, vamos começar pelo histórico da "Comissão da Verdade" (um dos empreendimentos politicamente ideologizados mais estúpido dos últimos tempos - pois se lembra, apenas, da soma de mortos conquistada pelo regime, que totaliza 434), do qual ele é um crítico agudo, sedo que ao vermos esta "comissão", uma das coisas que nos intriga é a capacidade do atual governo de operar com meios de reescrever a história, e limpar a reputação de terroristas à esquerda do centro, enquanto busca destruir a imagem daqueles que estão à direita. Pois bem, ligar os pontos não é pecado - ainda -, não é? Então, para compreendermos tudo, vamos começar por perguntas: 1) a que se deve esta tentativa de manchar um lado do espectro político? 2) Será que não há nenhuma vantagem no plano da cultura este falseamento integral da história, de maneira a criar um hagiógrafo esquerdista que, para sempre, visa separar de maneira pseudo-científica aquilo que é bom no mundo dos conceitos e da história e aquilo que é inteiramente mau? 3) Mas também: quais são as forças no campo político que impedem este empreendimento de reedição da história, e que atuando também no campo cultural, tenta trazer para a luz as motivações trevosas que regiam grupos terroristas à esquerda do centro no Brasil? 

   A (1ª)primeira pergunta é levemente respondida pela segunda, mas é salutar compreender que esta vantagem também auxilia a conquista da mente de uma geração de estudantes para serem convertidos em novos militantes, o que é bem patente quando vemos vestibulares, e uma gama de materiais didáticos que trazem esta compreensão malversada do período de ditadura, transformando o bicho em um ser mais terrível do que ele foi. 

   A (2ª)segunda, como consequência, traz, por via do estelionato, um apoio de uma neo-militância conquistada por via da propaganda ideológica que não tem o pé na verdade, mas que conquista os corações por causa da inexistência de contraposição entre os fatos e esta ideologia macabra, e é isto que tem produzido um efeito devastador no campo da cultura, de maneira que se plasma o "bem" a um determinado grupo político, e o "mal" ao grupo concorrente e minoritário. Para se ter uma ideia, ser contra o pensamento esquerdista, hoje, é quase que uma "blasfêmia" dirigida a um ente sagrado (ou aos entes do "hagiógrafo"), o que te faz, automaticamente, uma pessoa deplorável e condenável pelos séculos dos séculos. Sei muito bem na pele o que é ser tido como um desses indivíduos execráveis em meio à uma plêiade de "iluminados" que se julgam portadores do "bem", que amam toda espécie de ideal bom acerca do homem, mas que são capazes de jogar na lata do lixo o homem real e existente no mundo - tal vez achando que isso é apenas uma brincadeira daquelas que quando dói, falam: foi sem querer. 

   A (3ª)terceira é respondida pelo fato de que, bem ou mal, querendo ou não, felizmente e infelizmente, Jair Bolsonaro, ainda que com esta frase estúpida e digna de toda a reprovação, tem representado este contraponto à esta avassaladora lavagem cerebral empreendida com dinheiro público. E isso nos leva a compreender que para além da ação, há a tentativa de, no fundo, desmoralizar não tanto o indivíduo Bolsonaro, mas, para além dele, toda aquela ideia que ele tem representado no campo político e que atua primeiramente no campo cultural - claro - impedindo a formação daquele "rebanho" agregado em torno de um grupo de ideias "para um mundo melhor", que querem nada mais e nada menos do que o poder total sobre a vida dos indivíduos através da máquina do Estado. Jair Bolsonaro é, por tanto, um risco e um grande incômodo para a concretização destes planos - tal como é claro no ponto da cartilha do PT lançada em novembro, onde é pregado a "hegemonia cultural" ao estilo maoísta, o que torna óbvio o objetivo de tal "Comissão da Verdade", por exemplo. 

   Exagero? Não, não é exagero, pois basta olhar para o duplo padrão de julgamento desta esquerda nefasta onde a história real de que uma jovem sequestrada com o namorado, tendo sido estuprada por dias em uma caserna no meio do mato onde fora mantida em cárcere privado, nada ofende a honra deste pessoal, o que é totalmente o oposto no caso da fala do Bolsonaro. Parece incrível, mas o jovem estuprador (ou os jovens), foi defendido pela Maria do Rosário, aquela mesma responsável pela pasta dos Direitos Humanos no Governo Federal. 

   A dupla moralidade, aquela que prega "aos amigos tudo, e aos inimigos a Lei", é aquela que tem brutalizado a sensibilidade nossa acerca do que é certo e daquilo que é errado, fazendo com que creiamos que o bem e o mal está distribuído entre partidos, e não no mundo concreto. Esta usurpação é aquilo que nenhum partido político pode arrogar para si, pois nenhum possui o monopólio da virtude, e por isso é preciso ver a política, antes de tudo, não como o campo onde se opera por intermédio dos valores, mas sim dos resultados. Uma lida no livro "O Príncipe" de Maquiavel faria todo o bem do mundo para aqueles que querem opinar sobre política e, antes de tudo, compreende-la.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Fundamento da Obra Autêntica

   


   O início da vida humana se dá por meio do espírito humano, e isso já é o suficiente para fazer crer naquela razão libertadora que nos diz que apesar da estrutura absurda, cruel e trevosa do mundo, há um local da vida que permanece inteiramente intacto, onde podemos exercer de maneira invencível a nossa liberdade, e que se constitui como o ponto de partida de toda a nossa liberdade humana possível: o espírito.

   No entanto, mesmo o espírito humano necessita de iluminação, afim de que ele não fique a deriva ou entregue para si mesmo. O ser humano está fadado a ser dependente de uma base sólida, e isso independentemente onde esta base esteja, ou independentemente do momento em que a vida de cada um de nós se encontra. Não é por simples acaso que se esquecendo de Deus, o ser humano se entregou para as mais diversas crenças redentoras: a crença na ciência, na política, no trabalho, no dinheiro, na nação, no conhecimento, ou até no desespero e no desejo integral de destruição, para que através do "caos criativo" emergisse um mundo e sociedade puros - tal como se deu nos macabros sistemas gnósticos que guiaram o pensamento político do século passado, como por exemplo o Nazismo e o Comunismo.

   Mas em fim, para guia integral do espírito humano, Deus nos deixou uma "luz no mundo", uma esperança encarnada eterna que confessadamente diz em Jo 18:36 que o seu reino não pertence a este aeón (era), e que todo este mundo presente sobrevive como criação divina, ainda que dominada pelo absurdo, e que dele não devemos esperar aquela perfeição pertencente apenas ao século futuro, o que nos coloca dever de, por isso mesmo, nos entregar absolutamente à obra do ao amor em Deus e à caridade para com o próximo. (Jo 15:12), como nos ensina Lutero:   

   "A Paz tem somente uma origem: quando se ensina que nenhuma obra, nenhum modo externo nos torna retos, justos e bem-aventurados, mas somente a fé, isso é, a boa confiança na visível graça de Deus que nos é permitida. [...] E onde não existe esta fé, tem que haver muitas obras que têm por consequência  a discórdia e a desunião, de sorte que ali não há mais lugar para Deus. [...]

Quando é preservado esse espírito possuidor de toda a herança [o espírito que por fé crê na possessão no bem divino], então também o corpo e a alma podem ficar livres do engano e obras más." (LUTERO, Martinho - O Magnificat - Ou: a Exegese do Cântico de Maria. p. 29)