terça-feira, 1 de julho de 2014

Trotsky Contra as "Nuvens"




   O materialismo dialético - soberano absoluto nas escolas brasileiras - não é senão a negação radical de qualquer valor intrínseco à vida, visto que tal valor, sob o ponto de vista do materialismo, é reduzido apena a uma variável na cadeia de situações não fixas, mas determinadas por coisas como "cultura", "ponto de vista", "relações econômicas" etc e que desemboca, certeiramente, na revolução afim de criar um "mundo melhor" - a meta absoluta, mesmo que qualquer espécie nefasta de meios justifiquem o fim "glorioso" da sociedade utópica, e ainda que esta desconhecida nunca venha a ser. 

   A inflexibilidade dos valores, assim como de uma ordem no mundo, segundo a compreensão cristã, fornece, por tanto, um apoio no qual o homem, submetido a essas coisas, não pode ultrapassar ou negociar segundo a sua "soberania", ou segundo a soberania de um ideal utópico, visto que, do "ponto de vista" destas leis o homem é recompensado e legitimado ou condenado, havendo, por tanto, uma determinada segurança, e não um horizonte histórico de acontecimentos amorfo e destituído de valores específicos, assim como de meios específicos, fazendo, por tanto, que o nosso destino seja lançado nas mãos de um caos sem princípios e leis, variável ad infinitum et ultra, onde a única certeza é a ausência de certezas, a não ser a certeza do mundo melhor que nunca vem. 

   Já entendia Leon Trotsky que a única oposição séria ao materialismo histórico dialético - que ele defendia ardorosamente - só poderia ser feita seriamente por uma realidade meta-física - caso ela existisse, de fato -, visto que esta seria a única fundamentação séria de uma moral cotidiana ou de valores reais pelos quais seria possível viver a vida, assim como morrer, e que transcendesse o modus operandi do materialismo emperrando-o, e, por conseguinte, o destruindo, visto que esta pedra fundamental contraditaria a ideia de que os fins utópicos de uma sociedade perfeita justificam os meios para se chegar lá - revolução, morte, destruição de famílias, instituições, culturas etc. 

   Segue, aqui, Trotsky: "A moral independente dos 'fins', isto é, da sociedade [perfeita] - quer seja deduzida das verdades eternas quer da "natureza humana" - não é, no final das contas, senão uma modalidade da 'teologia natural'. O céu continua sendo a única posição fortificada de onde se pode combater o materialismo dialético." (TROTSKY, Leon - Moral e Revolução. p. 3)

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