quinta-feira, 28 de maio de 2015

Operação da Inversão



   O erro do pensamento de classes, no caso daquele que distingue o rico do pobre, é tomar tais classes como princípios morais a determinar a essência própria da pessoa pertencente a uma classe ou à outra: por exemplo: uma classe (a rica ou a pobre) é composta por indivíduos essencialmente maus e a outra é composta por indivíduos essencialmente bons.

   Tal pensamento dualista e reducionista anula o indivíduo e sua história, diluindo o mesmo em meio a generalizações fáceis e perversas. É estranho tal pensamento, já que o mesmo não difere em nada do pensamento nazista: o judeu é essencialmente mau. Aqui temos a operação da inversão, sendo o acidente (o fato de alguém ser mal ou bom - o que é uma qualidade moral adquirida derivada de escolhas históricas) colocado antes da substância (o fator humanidade do ser humano, pois subtraindo a humanidade não existem classes - e ser humano é escolher, e ele continua fazendo escolhas morais, boas ou más, independente da classe a que pertença como o judeu, rico ou o pobre).

   A partir deste ponto de vista, independente do que alguém faça ou pense, o indivíduo - pertencendo a um classe ou outra - já está, de ante mão, condenado pelo "tribunal da história" - e este "tribunal da história" é a anulação da própria História, que é a História onde seres humanos fazem escolhas boas ou más.


   É aqui que o pensamento marxista e progressista - cujos modos estão implacavelmente colados majoritariamente à imaginação do establishment universitário (e mesmo em grande parte dos acadêmicos de Teologia) - peca ferozmente.

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