sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Notas Sobre a Soberba

   Assédio moral é a arma do diabo para diminuir as pessoas, descreditar a igreja etc. Há muito mais misericórdia na igreja, na ideia de perdão dos pecados, do que há em um mundo hipócrita que não desejando apontar o erro para a correção da conduta, deseja simplesmente a aniquilação do indivíduo por causa de um erro causado. Sem pensar, a tendência para a qual o nosso mundo vai, constrói para ele um cenário de suicídio, pois é óbvio que ninguém está incontaminado pelo erro, já que cada qual tem do pecado um quinhão. Mas por causa deste moralismo hipócrita, a indignação afetada o mundo só cava o buraco onde irá cair. É questão de tempo até ele "resvalar o pé" e cair em contradição, como diz o Salmo, e ser enforcado na forca que ele mesmo preparou para que outro fosse enforcado em seu lugar.

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   Não acredite jamais em indignação afetada. Há quem, por "amor à justiça" duvide de um cristianismo de um pecador, pelo fato de ele cometer um erro, ou uma série deles. Não caia nessa, daqui a pouco será você a ser destruído por esse moralismo afetado. Há diferença entre o indivíduo que aponta o erro fatal de alguém, e o julgador que se alegra com a queda do seu inimigo. Não nos alegremos por causa da miséria moral de ninguém. Podemos até ser irônicos quando alguém erra; mas não há ironia que não esteja permeada por uma íntima dor, pela sensação de que o conjunto da obra não é o que deveria ser e que ela não é assim mesmo que estejamos dentro dela. Onde se encontra aquela vontade por expiação e arrependimento que são direcionados ao PECADOR, ao errante, e que não desejando a sua morte quer, antes de tudo, o seu arrependimento? Sejamos amigos com os que erram, pacientes, não fazendo a divisão escarnecedora entre nós e eles.

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   Todo o falsário se compreende com o centro do mundo, o estágio mais avançado da humanidade e o ápice da razão. É duro e humilhante constatar que não somos o que queríamos ser. Mas há valor em quem se lança a si mesmo para a periferia da razão, reconhecendo que há quem seja melhor do que ele mesmo. Já o megalomânico só pode ser tratado com ironia, nunca com uma verdade direta - tal como Jesus em suas parábolas. E é até interessante ver como ele mesmo afunda em sua própria sabedoria afetada. Mas é tremendamente doloroso ver quantas pessoas ele arrasta consigo. Há sabedoria, às vezes, em ver Roma pegando fogo e, como Nero, contemplar tudo tocando harpa.

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