quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A Eleição dos EUA e a Segunda Realidade


   Quem quiser se informar com os canais de informação tradicionais, ainda vai ter muita vergonha e errar o resto da vida - e mesmo que todo mundo te ache lindo, esperto ou simpático, a sua opinião não valerá uma rolha, e ainda fará que as pessoas que você tem por queridas errem.

   Na semana passada, quando contestei um amigo meu sobre a credibilidade da Globo News ele, meio consternado, me perguntou: mas em quem você confia? - ao que eu disse: Fox News. É óbvio: ela não é um deus ou um demiurgo, mas quase ninguém que conheço em lugar algum conhece alguma interpretação de fatos fora daquilo que os nossos canais tradicionais de informação apresentam (com uma unanimidade vergonhosa), mas vivem sendo alimentadas por uma segunda realidade plantada pelos ativistas (que não pretendem entender a realidade, mas transformá-la) e pelo beautiful people "bem-pensante".

   Esses mesmos são os que não entenderão a eleição americana, mas ficarão surpresos porque os nossos canais tradicionais de mídia ainda tratarão justificar que o monstro que pintaram do Trump foi eleito por causa da degeneração brutal da mente americana com relação à realidade, ao desprezarem um indivíduo angélico chamado Hillary (a monstra do ISIS, das drogas, da cultura libertina e do aborto até os nove meses de gestação) - se o Trump não é um anjo (e não é sob hipótese nenhuma), a Hillary é reprovável, não sendo melhor sob aspecto nenhum (excetuando a retórica).

   Mas o sinistro é que esse fenômeno é idêntico àquilo que Karl Kraus, jornalista germânico que presenciou a ascensão de Hitler ao poder, disse sobre o papel de degeneração mental dos alemães causada pela imprensa, que, literalmente, empurrou quase que a Alemanha inteira para a segunda realidade contra os judeus - já que o novo judeu será o americano branco sem ensino superior.

   O que ocorrerá será o seguinte: vai ser difícil a camada "bem-pensante" reconhecer seus erros, já que não tendo consciência moral, a tarefa mais fácil será justificá-los - não importa que monstruosidade seja plantada na realidade a partir daí. É óbvio que isso não pode acabar bem, já que o pior convicto é o mal-informado.

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