quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Fascismo Cult e o Culto da Barbárie

   Antes de falar de fascismo algumas pessoas deveria pegar um livro. Dizer que o fascismo é caracterizado pelo "pensamento retrógrado" é uma asneira mal explicada. A década de 20 e 30 do século passado sofreu um surto fascista depois da desestabilização das potências européias após a Primeira Guerra.
   Mas o fascismo, ao contrário do que se pensa, era um movimento cult celebrado pelo "beautifull people" enfileirado entre artistas, intelectuais e poetas influentes, como no caso de Bernard Shaw. Na vanguarda do movimento fascista estavam a escola futurista e também o movimento da arquitetura moderna brutalista liderada por gente como Le Corbusier (um antissemita fanático que desejava destruir o centro parisiense com sua arquitetura antiga e não funcional e adaptá-la aos novos tempos com auto-estradas gigantes e prédios quadrados e sem personalidade feitos de concreto, ferro e vidro).
   Havia também a tara iluminista pelo planejamento central da economia liderada por intelectuais, o que tinha um apelo enorme entre os ilustrados marxistas e socialistas, os mesmos que desdenhavam de forma cínica da sabedoria prática dispersa entre a população - como faz a massa de jornalistas lotada nas redações de jornais influentes no Brasil.
   Havia também como característica marcante dos movimentos de vanguarda o desprezo pelo senso comum e pela democracia representativa. Bernard Shaw, o poeta britânico badalado na Europa, dizia que tirava sua férias tranquilo na África sabendo que Hitler deixou as coisas bem assentadas na Europa, desdenhando ao mesmo tempo do medo dos ingleses e americanos dos modelos ditatoriais, pois preferiam, nas palavras de Bernard Shaw, a bagunça dos modelos representativos de governo.
Mas não que o modelo fascista não fosse reacionário. Antes ele rejeitou a alta diferenciação conquistada pelo desenvolvimento histórico do mundo Ocidental, voltando a modelos que tendiam a absolutizar determinados aspectos da realidade: o tribalismo no caso do nazismo e a centralização absolutista naquela espécie de "pater familias" romano que foi o Dulce italiano (Musolini).
   Mas quem disse que o cheiro de tribalismo bárbaro não está ao redor da "gente moderna"? Quem não conhece o apelo naturalista da nossa sociedade contemporânea refletido em movimentos que pregam o "equilíbrio com a natureza", o "fim do consumo de carne animal", o "culto às energias", a divinização do sexo como algo a ser praticado indiscriminadamente sem qualquer resquício de culpa, a naturalização do consumo das drogas etc?
   E quem duvida que essa gente, libérrima em seus costumes e ao mesmo tempo autoritária nas suas ideias, não sejam intelectuais descolados e divertidos que de forma inconsequente pregam um mundo que, depois de construído, se recusarão a reconhecer como obra de suas mãos? Esses, por causa de um coração insano, são os adoráveis reacionários da história.

PS: É amplamente conhecido que Mussolini foi o primeiro "sex symbol" do Ocidente. E quando eu vejo a Márcio Tiburi dizendo que qualquer mulher "quer" o Lula, eu vejo algumas similaridades entre uma intoxicação política e outra... E a similaridade mais gritante ainda se dá pelo fato de que a feiúra ali nos dois é um negócio presente demais para se deixar enganar, sendo apenas a força do fanatismo algo suficiente para fazer sentir o contrário disso. Para essa gente até o universo estético passa pelo filtro político.

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