As distinções entre a Teologia de Anselmo de Cantuária e a Teologia dos reformadores no campo da expiação são as seguintes:
1) A Teologia da Satisfação não entende que Jesus sofreu uma "pena devida" que trouxesse satisfação aos requisitos da Lei; Anselmo fala sobre a honra ofendida de Deus, e sobre a satisfação devida prestada pela morte de Cristo na cruz, morte essa que possuí valor infinito. Nisso ele estava embasado em uma linguagem que remontava ao direito privado germânico. A distância entre uma coisa e outra é imensa, se pararmos para pensar bem.
2) A Teologia da Satisfação não tem espaço algum para a consideração da obediência ativa de Cristo. A Teologia Reformada e Luterana consideram em uníssono que a expiação advém também da obediência ativa de Cristo, que embora seja analiticamente distinguida da obediência passiva (morte na Cruz), não é ontologicamente separável, pois ambas as obediências são predicadas da história da pessoa una de Cristo, estando separadas apenas por questões teóricas.
3) Na Teoria da Satisfação anselmiana não há a explicação do papel da ressurreição, já que o ato da redenção é explicado exclusivamente como a realização da cruz; contudo a ressurreição está em continuidade com a obra da expiação, já que a ressurreição é a confirmação gloriosa da validade do ato expiatório do Cristo imaculado, assim como é a possibilidade da continuidade da própria obra expiatório na obra da intercessão - Já que Jesus foi ressuscitado para a nossa justificação.
4) A Teoria da Satisfação de Anselmo indica que os méritos superabundantes de Cristo são transferidos ao pecador em perdão de pecados e na abertura para a realidade da vida eterna. Trata-se da aplicação da obra superrogatória de Cristo. Mas não se explica o como dessa aplicação. Na teologia dos reformadores (reformada e também luterana, guardada as suas distinções) a explicação se dá na exposição do ofício sacerdotal de Cristo que continua com a obra intercessória de Cristo. Os benefícios da justificação, do perdão dos pecados, da renovação e da perseverança são aplicados pela oração de Cristo pelo bem do seu corpo, e é justamente para ser o cabeça da Igreja que ele ressuscita assim como continua a interceder por nós - algo que Cristo, como morto, não faria, pois não poderia ser o cabeça físico do seu Corpo.
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