sábado, 13 de setembro de 2014

Doença das Almas Gêmeas


   Sempre achei a teologia da prosperidade uma ofensa para a inteligência de todo mundo por causa da contradição mortal entre suas pretensões e a experiência que cada ser humano normal possui no seu dia a dia.

   Nunca fiquei dando muita bola para ela pois desconfiava da capacidade que as pessoas tinham de viver muito tempo sob a exposição de algo tão infantilizador - era mais otimista, por tanto, quanto ao poder de rejeição de coisas pedantes e monstruosidades morais como essas. No entanto, tenho visto o tamanho da praga que este negócio tem sido para a integridade de Igrejas históricas, do pentecostalismo clássico etc.

   É nessas horas - penso - que o católico tem razão de operar no campo da superioridade diante da fragilidade magisterial de Igrejas Protestantes. Também é aqui que vemos o trabalho de sísifo que temos para atuar - digamos - com aquele esforço de saneamento mental quanto a estas coisas, assim como para nos defendermos, dizendo: olha, não somos assim! - pagando contas que não são nossas.
   
   Tenho visto, desde a minha faculdade de teologia, que o esforço ainda é muito maior, pois, não raro, há um ou outro em igrejas evangélicas com um ranço infinito contra a atividade mental em teologia, contra a valorização de pegar pesado nos estudos - e, para piorar, são alguns destes que surgem com aquele desejo de ser "pastor", com aquele orgulho infinito de se achar moralmente superior a muitos - não é difícil, deste modo, enveredar pelo lado mais fácil das coisas por falta de opções.

   Se, por um lado, há muita vontade, por outro há uma molecagem meio "judaizante", meio "oportunista", meio "animal de rapina", e - pior de tudo - meio messiânica, achando que a fé esta no  no dever de salvar o mundo da fome, das "opressões", da pobreza por meio de determinadas "chaves", sejam elas "conversões" ou sejam elas "visões sociais do evangelho". Neste sentido, posso dizer da teologia da prosperidade que ela tem uma irmã gêmea chamada "teologia da libertação", pois as duas padecem - cada qual ao seu modo - de uma enfermidade genética apenas: negam a situação presente da vida por uma hipótese, achando poderem criar um paraíso na terra; sendo que a teologia da libertação o faz pela via da alucinação e a teologia da prosperidade pela via da imbecilização.

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