segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Instrumental Nietzscheano


   Para quem leu, no mínimo, dois livros do Nietzsche, e tem uma noção básica de como anda a tendência do "espírito" atual na cabeça dos intelectuais, sabe que o instrumental filosófico fornecido por Nietzsche serve, segundo os interesses da presente época, apenas para uma causa: a destruição e corrosão do pensamento cristão. 



 Geralmente a ideia humanista que se tem do pensamento nietzcheano (que possui intuições fundamentalmente válidas) do tipo "Humano Demasiado Humano", não pode ser compreendida sem a ideia da "Vontade de Potência", que, segundo ele diz nos livros "Além do Bem e do Mal" e "Genealogia da Moral", é o princípio fundante da existência "Aristocrática" do "povo conquistador", "guerreiro", "livre", que "subjuga os povos", o germe da "besta loira", daquele "povo nobre", "magnânimo", "escravizador", e do "espírito dionisíaco", ou "wotaniano". 

   Este espírito dinâmico, "humano demasiado humano", que vive pelo "instinto" e pelo "desejo", que ama a "liberdade", não pode, por tanto, ser comparado em nada com a tendência contemporânea de apelo à "democracia" e à "liberdade" tal como compreendemos as coisas com estes termos, e isso torna estranho esta coqueluche nietzschieana atual para pessoas que amam os "pobres" e os "oprimidos", as mulheres, visto que qualquer coisa assim seria defender, segundo Nietzsche, a "moral do escravo" e do povo ressentido que olha para os nobres e fortes com inveja. 

   Mal se sabe, por tanto, que para efeitos democráticos Nietzsche possui avassaladoramente uma tendência inversa, pois é anti-democrático, e anti-socialista (ainda que compreendendo que toda esta "moral socialista" é pura mentira e fachada) etc, pois, segundo ele, isso entra em total contradição contra aquela hierarquia que exige a existência de senhores e de escravos, como afirmava o pensamento grego. 

   É estranho constatar a demonização de Aristóteles, que no livro " A Política" defendeu literalmente o mesmo pensamento escravagista e que colocava a mulher em posição "sub-missa", enquanto que Nietzsche possui um lugar no panteão do pensamento acadêmico brasileiro. Tal vez a causa desta "demonização", no fundo, não seja pelo conteúdo semelhante que falei acima, mas justamente porque o pensamento aristotélico foi plasmado ao pensamento católico, enquanto que o pensamento nietzschiano o foi ao pensamento anticristão. 

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