sexta-feira, 15 de abril de 2016

A Ordem

   O estado de loucura atingiu as massas - o que é perigoso. É quase impossível no Brasil passar por todo esse processo sem um prejuízo dos sentimentos e da razão. O Ambiente presente tornou-se profundamente deletério, e somente uma estrutura mental e espiritual firme pode passar incólume a essa vaga de desinformação, antagonismo, sede por poder e irracionalidade. E o perigoso é que quando a estrutura psíquica se encontra desgastada e estafada, o ser humano acaba por aceitar qualquer coisa em busca de tranquilidade e alívio.

   Em tempos de angústia, as virtudes que possibilitam a resistência só são possíveis em uma personalidade onde reside aquela certeza acerca dos valores espirituais eternos. No entanto, como pode isso ser possível quando as instituições espirituais já se desfizeram das suas barreiras de contenção (a moral, os tabus, as hierarquia de valores), se firmando apenas em valores momentâneos que se desmancham no ar? A Igreja, que deveria se o baluarte da verdade em um mundo de incertezas, a Arca resistente contra o dilúvio da profanação, confusão e perda da realidade, se esfuma dia após dia diante dos reclames da cultura reinante - e, como sabemos, a um reclame deste presente tempo segue outro reclame e outro até à consumação dos séculos. Sendo assim, aquilo que deveria consistir em forças de conservação, se torna em um impulso desnorteante dentro do qual o home só pode se perder. Aqui é do espaço da perdição que falo.

   É imperativo em nossos dias repensarmos a necessidade da ORDEM sem a qual o homem não pode viver. Não são somente os valores e a realidade material importantes para o homem; na verdade valores materiais nada são se não podem ser julgados por uma instância superior e imperecível - a instância eterna do espírito. E a raça dos homens que pensam poder remodelar o mundo segundo as necessidades do momento, segundo o espírito do tempo, invariavelmente ignora a necessidade da ordem. Mas do outro lado se encontram aqueles que sabem que a humanidade não é um momento, que ela possui uma natureza inamovível, não remodelável e que pode descansar apenas nesta ordem que foi feita para o homem, sendo o homem feita para ela.

   Mas enfim, onde iremos parar nesta onda voraz de incertezas, onde mais nos aproximamos da aniquilação do que daquela estabilidade que permite a nossa alma descansar? Como pode ser que nesta voraz relativização de tudo o próprio homem não seja relativizado? A nossa história é pródiga em exemplos, e não nos faltam nos dias de hoje homens como os Peter Singers da vida que pensam no valor do homem como algo medieval, o que nos faz lembrar das macabras sinfonias tocadas no alvorecer da guerra e dos campos de concentração onde, por ser a terra uma moradia impossível, os homens, assim como Cristo na Cruz, só podem contar com Deus como esperança final, pois em tempos assim na Terra já não há nenhuma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário