segunda-feira, 30 de março de 2015

Tradição, Instituições e um pouco de Winston Churchill



   A guerra, consequentemente, traz uma desorganização integral nos países situados no interior do conflito. Pior é para aquele país que perdeu a guerra, sem que se veja servido de uma tutela para reorganiza-lo de maneira que ele possa gozar, mínimo, de estruturas básicas que torne possível ordem, atividade econômica e vigência jurídica. Foi isso que Churchill reclamou com relação à Alemanha, que depois de sair derrotada da Primeira Guerra, se viu em uma situação onde toda a sua ordem social, econômica e jurídica estavam em frangalhos, o que possibilitou - contanto com uma ajuda econômica vigorosa e irresponsável dos EUA, e o desleixo do papel de vigia da Inglaterra e França sobre a política alemã - a ascensão de um dos mais perversos regimes políticos da história: o nacional-socialismo.

   No entanto, a guerra não é o único meio de desestabilizar um país, havendo também um meio de ação interna por meio do qual a desestabilização se dá de maneira certeira. Neste tipo de "implosão por dentro", entram no meio a ação política, a pseudo-educação, a destruição da ordem jurídica, dos símbolos culturais e de autoridade - que garantem uma relativa unidade da consciência de uma população - e de forças econômicas que garantem a distribuição de poder, viabilizando o estabelecimento de políticas totalitárias.

   Contudo, muito pior quando uma nação é desprovida de alta cultura e de religião, sendo estas as ferramentas que proporcionam a abertura da consciência para a noções de indivíduo e de responsabilidade pessoal - no caso da cultura e religião, livros como "Os Demônios", "Crime e Castigo" e "Irmãos Karámazov" do romancista Dostoiévski nos respondem o porquê da importância da tradição religiosa e da cultura -, assim como desprovida de instituições políticas fortes que garantam, por meio do Império das Leis, as liberdades individuais - como é evidente na tradição jurídica inglesa (como descrito no livro "Império" de Niall Ferguson) que constituiu um dos fundamentos da nação mais próspera onde se gozou mais liberdades - para o bem ou para o mal - na história: os EUA; sendo este país a junção do fator religioso, e de instituições fortes que garantem as liberdades individuais. 

   Bem, mas voltando ao assunto, continuo na afirmação de que um determinado movimento político que busca destruir a ordem jurídica e os símbolos religiosos tradicionais nem sempre vem acompanhado de boas intenções, mesmo quando montado na crista de uma suposta "justiça social" e "justiça a favor dos oprimidos", fazendo destes termos verdadeiros bois de piranha que desviam o nosso foco de algo que particularmente me é caro: a "estrutura das ideias", que à semelhança de muito do que tem sido nomeado de "direitos humanos", engana a opinião pública pela suposta bondade que tais ideias carregam em seus enunciados, mas que são essencialmente destrutivos quando postos em prática, levando a uma concentração de poder político monstruoso na mão de uns poucos, a guerras civis, perseguições etc. - e muito do movimento ecologista moderno tem esse "DNA totalitário".

   Muito disso faz parte da estratégia comunista de Lênin, como nos disse o próprio Churchill se referindo à crise que levou a Espanha à ditadura de Franco, segundo consta no livro "Memórias da Segunda Guerra Mundial".

   Segue o texto:

   "Faz parte da doutrina do manual de treinamento comunista, estabelecidos pelo próprio Lênin, que os comunistas devem ajudar todos os movimentos em direção à esquerda [aqui no Brasil se diria "movimentos sociais" (tipo ecologistas, MST, MTST, abortistas etc.), mas Churchill se refere aos movimentos político-partidários, também] e contribuir para levar ao poder fracos constitucionalistas [Lula e Dilma ...?!?!], radicais e socialistas. Em seguida, devem solapá-los e arrancar de suas mãos decadentes o poder absoluto, fundando o estado marxista." (CHURCHILL, Winston Spencer: Memórias da Segunda Guerra Mundial. p. 117).

   Entenderam esse "conduzir os movimentos à esquerda"? E o que diríamos com relação à educação, religião e as relações pessoais impregnada deste ideologismo? É justamente por isso que o marxismo-leninismo sempre ganhou território e poder em países que possuíam uma ordem jurídica e instituições medíocres - se não miseráveis -, assim como envolvidos em guerras civis, divisões internas (provocando anemia cultural), como ocorreu em países latino-americanos - semelhante àquelas doenças oportunistas que atacam o nosso organismo quando nosso sistema imunológico e a nossa saúde se encontram fracas. Assim também, é por isso que a doutrina da segregação de classes, e do acirramento das contradições entre estas - o que leva o países a divisões internas e conflitos intensos -, é algo importante tanto para anarquistas (a exemplo da doutrina de estados binacionais apoiada por Chomsky, que acabou desaguando em guerras civis onde isso foi levado a sério) como para marxistas. Mas isso torna plenamente compreensível o porquê da ausência de sucesso dos comunistas em países cuja identidade religiosa é profundamente vigorosa - a exemplo dos países islâmicos, onde o marxismo fracassou, sendo absorvido por jihadistas (como no caso do Irã, onde os xiitas ascenderam as custas dos comunistas, mas matou-os quando chegaram ao poder com Khomeini) -, e tendo pouco êxito em países que contaram e contam com instituições democráticas fortes, e uma estrutura jurídica notável, a exemplo dos países da Europa Ocidental Continental, dos EUA e da Inglaterra. 

  Mas diante destes dados, voltando os meus olhos para o Brasil e para a sua cultura altamente personalista (não fundada na legalidade) e autoritária, faço algumas perguntas: Até quando o Brasil irá aquiescer com este desprezo soberano a tudo aquilo que é bom e que deu certo, e terá um apego irracional, orgulhoso e apaixonado a tudo aquilo que deu errado no mundo, fazendo do amargo doce e do doce amargo (Is 5:20), se deixando arrastar, cada vez mais, para um obscurantismo que vê como mal a responsabilidade individual, o talento, a inteligência, o empreendimento, criando inimizades gratuitas por causa de um ideologismo partidário que cega e emburrece aqueles que a ele se aplicam, e que fortalece cada vez esse fetiche que enxerga o indivíduo apenas de acordo com a posição que ele ocupa, enfraquecendo aquilo que deveria nos fortalecer? Até quando ficaremos tristes e ressentidos com o sucesso alheio, assim como nos "solidarizando" com a miséria (o que, no caso da política - nada evangélica - da América Latina, é, literalmente, um eufemismo do se aliançar a bandidos, guerrilheiros, ditadores, traficantes de drogas e demais infratores), tendo a mesma miséria como "fonte de inspiração"? E por último, e o mais importante: até quando desprezaremos a nossa espiritualidade, prostituindo esta com ideologias políticas que fazem de tudo para subverter as nossas referências e a forma como enxergamos o mundo? 

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