quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Intimidade Vulgar; Ou: A Privacidade e a Valorização dos Afetos

   A vulgarização parece ser o modo atual de ação daqueles (e daquelas) que, no fundo, buscam suprir por meio da auto-exposição as suas carências. Isso vem a calhar com a insegurança disseminada em nosso mundo. A privacidade e o segredo perderam o seu encanto original que a firmava a noção de que o íntimo era um meio de reservar aquilo que se possuía de precioso a quem fosse realmente digno da mais alta confiança.

   É nesse sentido que podemos compreender a impaciência dominando os corações, algo impossível de não perceber quando vemos a quantidade de meninas, mulheres, senhoras (!) e mesmo homens pondo a mostra seus próprios corpos - como se houvesse como uma realidade psicológica de fundo um medo de perder o valor no campo dos afetos para aqueles que fazem também da exibição uma forma de adquirir olhares e admiração.

   A vulgaridade é um monstro que se auto-alimenta.

   Não é atoa que a fidelidade - que anda de mãos dadas com a intimidade privada - ande tão fora de moda frente à dissolução dos afetos. Isso gera insegurança e um apelo mais forte ao vulgar como um meio de obter afetos. E temos aqui diante dos olhos uma realidade paradoxal: quanto mais se busca afeto mais as pessoas se distanciam dele. E para sintetizarmos isso trago como analogia uma máxima da economia, que é: a tendência de tudo aquilo que está em abundante oferta é a desvalorização.

   Por tanto, para o nosso bem, cuidemos da nossa própria intimidade e tenhamos fé que a busca pela pureza é, no fundo, a única parede de proteção que realmente protege e fomenta o verdadeiro amor.

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