sábado, 6 de fevereiro de 2021

Anotções nos Analíticos Anteriores: 2ª Anotação

    Em I.IV Aristóteles inicia dizendo que embora toda demonstração seja um silogismo, nem todo o silogismo se trata de uma demonstração. Portanto a demonstração está para o silogismo assim como a espécie está para o gênero.

    6) TERMO MÉDIO: Já indicamos que termo é a conclusão do silogismo, ou aquilo em que o silogismo se resolve, seja em relação ao sujeito ou seja em relação ao predicado e isto no que se refere ao seu ser ou ao seu não-ser. Entendido isso o termo médio é aquele que contém em si um outro termo ou que está contido em um outro termo, ocupando a posição mediana, p. ex: B está contido em A, como contém C, embora A e C não estejam totalmente contidos um no outro. 

    7) EXTREMOS: Se refere aos termos nos quais há uma predicação total de termos limites, ex: se A é predicado totalmente de B e B de todo C, A será necessariamente predicado de todo C. Sendo assim, se A não é predicado de nenhum B e B é predicado da totalidade de C logo se segue que A não será absolutamente predicado de C

    * De 6 e 7, se diz o seguinte segundo Aristóteles: Se, contudo, o primeiro termo se aplica a todo o termo médio [B, no caso] e este a nada do último, não haverá silogismo entre os extremos, pois nenhuma conclusão é necessariamente deduzida dos dados apresentados, visto ser possível para o primeiro termo se aplicar a ou a tudo ou a nada do último, não resultando assim necessariamente nem uma conclusão particular nem uma universal; e uma vez que não resulte nenhuma conclusão necessária de premissas, não pode haver nenhum silogismo (26a5). 

    8) AS TRÊS PROPOSIÇÕES/JUÍZOS CONSTITUTIVOS DE UM SILOGISMO: Um silogismo é constituído de 3 juízos ou proposições, cf. Nota 77 da ed. Edipro 2016. Assim, segundo Aristóteles, as três proposições são nomeadas como se segue: 1) premissa maior, 2) premissa menor, 3) conclusão. Assim entendemos a constituição do silogismo: A premissa maior (primeira premissa) sempre será universal e suposta como verdadeira; A premissa menor (segunda premissa) sempre será suposta como verdadeira também; e a conclusão é deduzida das premissas. Aristóteles também nomeia essas proposições de juízos. E então temos, ex: 1) Premissa Maior: Todos os bípedes são animais; 2) Premissa Menor: Todos os homens são bípedes; 3) Conclusão: Todos os homens são animais. 

    9) DO TIPO DE RELAÇÃO ENTRE AS PRESMISSAS DA QUAL NÃO SE SEGUE UM SILOGISMO: Se a premissa maior se aplica a todo o termo médio e este a nada da premissa menor menor, então não haverá silogismo. Também: se A se aplica a todo B, e este a nada do C, logo... 

    *Acerca do Termo Médio: A noção de termo médio é de fundamental importância, e acerca dele podemos dizer o que se segue: O termo médio contém em si totalmente a premissa maior e a premissa menor se subordina inteiramente ao termo médio, mas não está presente na conclusão, já que sua função é exercida como mediador entre a primeira e segunda premissas, p. ex: na primeira premissa, ou na premissa maior (A), à qual nos referimos em 8, dizemos que Todos os bípedes são animais - ora, animal contém em si todo o bípede -; já na segunda premissa, ou na premissa menor (B), dizemos que todos os homens são bípedes - Ora, bípede é algo que se aplica a homem, pois todo homem está contido em bípede, já que todo homem é bípede, embora nem todo bípede seja homem, pois há bípedes que não são homens. Portanto vemos que nas duas premissas bípede serve de termo médio, pois o primeiro termo, necessariamente universal, que é animais, contém em si todo bípede; já o segundo termo, que é homens, está contido no termo bípede, e se submete a ele, pois há bípedes que não são homens, embora todo homem seja bípede. O termo médio tanto está contido no primeiro termo de A, quanto contém todo o último termo de B, mas está excluído de C, que seria a conclusão:
Todos os homens são animais.   

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