segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Espírito: O Ponto Matemático

   

   Quando se referiu a Leibniz, Dilty, filósofo alemão, afirmou que se avocação suprema da filosofia era levar uma cultura à consciência de si mesma, Leibniz foi aquele que, em sua época, mais evidenciou em si mesmo esta vocação.

   É interessante perceber nos escritos de Leibniz o foco dado à dimensão espiritual do homem, para as condições do saber, e para as implicações dos sistemas de pensamento, dando à dimensão inescrutável da liberdade e do mistério divino da vida, uma importância que só pertence às coisas que escapam da lógica como sistema, e do universo político, visto que no mistério espiritual reside o ponto fundamental da vida e, por isso, da verdade.

   Em consonância com estas pegadas, Edmund Burke, estadista inglês e um dos fundadores do pensamento liberal conservador, disse que o problema moral antecedia o problema político, assim como a ação da alma e o espírito precedem a ação histórica, conformando-a. Neste sentido, o estado da alma e da mente, e a saúde dos mesmos, são necessários para a existência saudável de uma nação, visto que a cultura - antes mesmo do fator econômico - determina a vida de um povo.

   É sinal de doença grave quando tudo se resume à política, não deixando espaço para outros temas mais importantes, como a compreensão acerca dos valores e da moral, pois é nisto que reside o eixo de orientação humana, ou a fonte de todo o problema - o ponto matemático.

   Neste sentido, o momento presente é de reclusão, estudo, reflexão, na tentativa de chegar à consciência de si mesmo; ser repleto de forças plásticas, estéticas, e buscar revigorar o espírito, para saber conscientemente por onde ir, tendo uma visão estendida sobre as coisas desta vida. Temos, por tanto, um problema travado com a nossa alma, com a compreensão das coisas; em suma: temos um problema a ser tratado com o nosso espírito: fonte originária de toda a vida.

   Temos que ter um compromisso espiritual, uma luta de morte conosco, uma tentativa de mortificação, reformulação para buscar a superação e compreendermos aquilo que vem primeiro, e lutar por obedecer o Primeiro Mandamento - amar a Deus (a Verdade Absoluta) acima de tudo -, para que então, e somente então, possamos estar plenamente habilitados, no campo da história, a praticar o Segundo, que é amar o nosso próximo como a nós mesmos.

   Quem vem comigo?

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