sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Reforma, Lei e Justificação




   Hoje, dia da Reforma Protestante, celebrada em um período de acirramento político imenso, valeria a pena dar uma olhada nos Dez Mandamentos, que se encontram no capítulo 20 do livro do Êxodo.

   Bem, por que digo isso? Primeiramente, para muitos que não sabem, a leitura e estudo dos Dez Mandamentos eram o ponto de partida do catecismo de Lutero, pois ele pensava que isso era fundamental para a compreensão do segundo e mais importante ponto de sua teologia: a justificação pela fé em Cristo (lembrar da importante relação entre a Lei e a Graça).

   No campo da vida, por tanto, segundo a Bíblia, temos uma regra moral a que estamos sujeitos (Lutero não era um anomista - como parece ser a tendência da atual teologia evangélica nos setores mais progressistas das Igrejas tradicionais), independentemente se conseguimos obedecê-la ou não. Isso, a Lei e seu peso, não muda.

   Para nós que somos do Brasil, cuja cultura é resultado deste cultivo milenar e dominante do cristianismo no Ocidente, temos como que a obrigação de compreender este tesouro cultural para poder nos compreender, pois ainda hoje, de maneira inconsciente, a Bíblia é a base, a matriz de sentido em que foram gerados costumes, instituições, leis, quer alguns iluminados enruguem a testa para isso ou não.

   Hoje, mais do que nunca, o nosso Brasil com todo o seu drama político e moral, necessita de autoconsciência e, por isso, de arrependimento; mas como diz Paulo em Romanos (cap 7 vers. 8), não há arrependimento ou consciência do pecado se não houver o conhecimento da Lei - sim, aquela Lei revelada nos cinco primeiros livros da Bíblia (aqui compreendendo como Lei somente a Torá mosaica). Por isso, quão bem faria para nós, hoje, rostos pesados, espíritos graves, consciências alucinadas com desejo de melhorar e, acima de tudo, corações ardentes em sinal de pedido de ajuda - em resumo: desejo por Deus. Sim, necessitamos de almas graves e espíritos desejosos por cura, melhora, plenos daquela esperança em Deus, esperança que conhece o peso do presente, e sabe muito bem o que deseja - aquela perfeição pessoal - no futuro

   Para comemorar, devemos querer conhecimento da Lei, contrição, arrependimento, aprofundamento da consciência de dever perante Deus, caminho árido e conhecimento da cruz de Cristo para que então - e somente então -, possamos, por meio desse estar possuídos de gravidade, sentir a graça redentora de Cristo por meio da justificação pela fé. A fé no amor e na graça divina disponibilizada por Cristo naquele evento da Cruz.

   Com isso, malgrado a divisão que tão dolorosamente e pesadamente marca o protestantismo - mas isso é assunto para outro momento -, não é certo que não hajam pontos que nos unam e, com certeza, o único núcleo que pode nos sustentar, como cristãos, com vida, é a mensagem da Lei e a Justificação. 

OBS:Existem muitos, hoje, reclamando o direito ao paraíso; cabe a nós assinalar o dever de cada um levar a sua Cruz.

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