segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Palavra e Desordem

   Se você raciocina na base de doutrinas e chavões, em palavras viciadas com significação negativa já pronta como "elite", "lucro", "capitalismo", tendo aversão à simples menção de alguma delas, você está, na verdade, rodando em círculos, pensando possuir uma autonomia de pensamento que não tem, se assemelhando mais ao Cão de Pavlov, que reagia de forma automática, sem o recurso do raciocínio, a estímulos provocados por meros sinais.
   Um dos remédios para esse mal é a análise do significado real das palavras, analisando, sobre tudo, de onde você adquiriu o seu amor ou aversão na presença de determinadas palavras. Dessa forma você recupera os sentidos das palavras e reestrutura a sua relação com a realidade, pois é função das palavras a mediação da realidade, mediação prejudicada quando elas vem cheias vícios ideológicos, pois nem sempre a "elite", o "lucro" o "capitalismo" são males historicamente evidentes.
   Contudo, quando as palavras sofrem essa perda da função mediadora por causa da ideologia, da paixão política e por causa da degradação social, então elas se tornam instrumentos de desordem pública e espiritual, sendo antes fontes de tormentos do que de reconciliação, o que demanda a recuperação de sua função original mediante a reestruturação da literatura e, em consequência disso, da imaginação moral que é um dos elementos básicos para a nossa orientação no mundo.

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