quinta-feira, 8 de julho de 2021

A Estética, a Lógica e o Discurso

    Muito dos debates apologéticos parecem discussão de tabloide inglês. Mas tanto uma parte como a outra da disputa geralmente caem na ilusão de que a outra parte o levará a sério, o que em grande parte se mostra pura ilusão.

    Esperar a priori honra, reconhecimento, ausência de ironia etc. para a sua exposição é imaturidade pura, e inexperiência. Tanto é assim que mesmo que você vença na argumentação é possível que pela exasperação e nervosismo você não leve o prêmio, principalmente em um terreno onde o que prevalece é o clima de torcida, e não a neutralidade - ninguém se descarna para ouvir algum discurso.

    Esse caso específico lança luz sobre uma regra geral do discurso: Há quem realmente seja bom na argumentação, mas péssimo em espirituosidade, o que me leva a crer que grande parte da forma como alguns colhem os louros dos debates não colhem exclusivamente pela perfeição das suas ideias, mas também pela forma como se portam no contexto do debate.

    Ainda que as coisas não devessem ser assim, a grande maioria das pessoas geralmente estão se lixando para longos encadeamentos argumentativos, se importando muito mais com certo afeto e estilo, ou seja, se importam com o que é também estético. E isso não é um absurdo, e nem um absurdo antropológico, pois a estimulação da sensibilidade é, na verdade, a primeira etapa para o processo de cognição.

    Não estou me importando se isso é errado ou certo, mas geralmente o paciente espirituoso é mais agradável do que o lógico irritado, pois o primeiro não chega manifestando as notas da agressão pelas quais é percebido como alguém odioso a quem o experimenta, independentemente se ele carrega a informação correta ou a informação errada.

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