quinta-feira, 8 de julho de 2021

A Justificação na Reforma; Ou: O Ilustre Desconhecido

    A maioria dos evangélicos - mesmo os protestantes de igreja históricas - desconhecem integralmente o teor da disputa em torno da justificação levantada por Lutero e pela Reforma. Que há justificação pela fé até mesmo no catolicismo romano, e isso pouca gente sabe quando se reporta à teologia católica romana, como se ela afirmasse que a salvação não se dá mediante a fé e graça.

    Nem é o termo "justificação pela fé" em si onde estão fincadas as bases da Reforma, mas sim na forma da justificação a qual envolve uma questão muito complexa em relação àquilo que se chama de "pecado material" e "pecado formal", já que é universalmente conhecido no cristianismo que a justificação não retira a materialidade do pecado (nossa inclinação física para o mal, impulsos e desejos desordenados), sendo esse pecado distinto do ato formal pecaminoso (que é o consentimento da razão às inclinações más).

    Tendo em vista essa questão relacionada à psicologia teológica, a discussão da Reforma gira em torno da não imputação de pecado aos regenerados e justificados (que por possuírem o corpo corrupto após a justificação, ainda assim continuam a ser, por tanto, materialmente pecadores), e não somente à afirmação genérica de "justificação pela fé", dado que há várias compreensões sobre justificação.
    Nesse sentido Lutero contestou com base na Escritura e mesmo na tradição que a justificação fosse baseada em uma infusão de justiça física ou na justiça inerente, afirmando que inicialmente ela só poderia ser forense ou declarativa. Esse é o ponto, e mesmo muitos dos mais engajados em apologética desconhecem totalmente essa questão achando que as oposições centrais da teologia da reforma se deram por causa da corrupção clerial ou trivialidades semelhantes - como soi acontecer com gente acostumada a discussões mesquinhas ou moralistas.

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