sexta-feira, 29 de abril de 2022

O Poder do Mal e a Graça na Oração

    O Senhor também nos instrui que é necessário que digamos na oração: "E não nos deixes cair na tentação". Isso mostra que o adversário nada pode contra nós sem que Deus o permita, afim de que se volte para Deus todo nosso temor, zelo e devoção; pois nada é possível ao mal no sentido de tentar-nos sem que lhe seja dado o poder. Prova-o a Escritura, que diz: "Veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e atacou-a; e o Senhor entregou-a em suas mãos". [...]

    De duas maneiras é dado o poder [ao mal] contra nós: para castigo, quando pecamos; para a glória, quando somos provados. Vemos, por clara manifestação de Deus, que assim aconteceu com Jó. Diz Deus: "Eis que tudo o que é dele coloco em teu poder: atento, porém, não tocares nele". E o Senhor, no seu evangelho, no tempo da paixão, diz: "Nenhum poder terias contra mim, se te não fosse dado do alto".

    Ao rogarmos para não cairmos em tentação, somos lembrados da nossa fraqueza e miséria; e rogamos assim para que ninguém se exalte solenemente [...]. Pois ensinando-nos a humildade, diz o Senhor: "Vigiai e orai para não cairdes em tentação [...]". Antepõe, assim, uma confissão humilde e submissa ao pedido, atribui tudo à dádiva divina, afim de que se obtenha da sua misericórdia aquilo que se pede [em oração] com temor e reverência"*.
_________________________________________________________
[*] CIPRIANO DE CARTAGO. A Oração do Senhor.25, 26. Obras Completas, Vol. I. Coleção Patrística. Vol. 35/1. Ed. Paulus, São Paulo-SP, 1ª ed. 2016. p. 193, 194.

Nenhum comentário:

Postar um comentário