quarta-feira, 13 de julho de 2022

Dooyeweerd, Turretini: O Conflito Entre os Princípios Formal e Material na Teologia

    Para a alegria dos neocalvinistas dooyeweerdianos, uma leitura a respeito do tema da Imagem de Deus nos teólogos escolásticos reformados (Turretini) justifica a afirmação de que a antropologia de teólogos romanos carrega em si o conceito de que natureza e forma são princípios em tensão - mais especificamente na conceituação de natureza humana.

    No Compêndio Turretini afirma que ao definir o que é o homem no estado de natureza, o Cardeal Roberto Belarmino ensina que in statu naturali, ou seja, não considerando o homem na posse do donum superadditum infundido no primeiro homem para que ele pudesse andar em justiça diante de Deus, certa "langueza" da natureza nos acompanha em função do conflito entre o princípio material (corpo) e o princípio racional (alma).
    Por langueza entendemos a "fomes peccati", que embora não seja pecado (como matéria de condenação), para Belarmino constitui o "princípio do pecado". Aqui estamos falando daquela concupiscência que não é afirmada como razão formal de condenação, mas que domina o homem in statu naturali desassistido do "dom sobrenatural", o qual é adicionado à natureza humana, reordenando seus afetos, colocando o homem em ordem ao seu fim sobrenatural (Deus).
    Muito embora protestantes e católicos divirjam neste ponto antropológico em específico, Turretini - para o alerta dos neocalvinistas - diz que esse conflito entre os princípios formal e material não flui necessariamente da filosofia aristotélica, já que para o estagitrita é natural à razão propor fins à natureza, tanto quanto é natural à natureza receber em si a forma pela qual ela vem a ser em ato. O conflito surge da própria antropologia papista e não de Aristóteles necessariamente.

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