domingo, 12 de abril de 2015

Pobreza


   Sempre fui contra a ideia de transformar a pobreza em alguma "estética". Pobreza não é estética e nem ética, é simplesmente algo a ser superado. Não é algo do qual podemos bater palmas no cerrar das cortinas.

   Quando digo que algumas teologias procuram tornar a pobreza em um atributo moral, o faço no sentido de afirmar que muitos acadêmicos fazem isto para buscar dar legitimidade a aquilo que eles chamam de "revolucionário primitivo", que teria direito a roubar, matar etc., porque pobre, porque "oprimido", porque se lança contra o "sistema". Isto é uma espécie de pensamento fortíssimo em alguns setores das ciências humanas, e de muitos "pensadores do bem", além de ser um insulto abjeto aos próprios pobres.

   Vai aí uns "versículos reacionários" para a instrução geral da galera:

   "Não seguirás a multidão para fazer o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com o maior número para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda. [...] Não perverterás o direito do teu pobre na sua demanda. Das palavras da falsidade te afastarás e não matarás o inocente o justo; porque não justificarei o ímpio" (Êx 23:2,3,6,7).

   Um indivíduo que acha que "em nome do bem", e "da justiça dos oprimidos" se acha no direito de matar, traficar e roubar - tal como assevera alguns "iluminados da causa" (coisa que não sabem alguns outros amigos de teologia) - estão temos aí o princípio da barbárie, assim como a derrocada dos valores que fundaram a nossa civilização.

   Entendam: quando falo de "pobres" não o faço vislumbrando uma categoria de pensamento, uma "estética", mas o estado de seres humanos que, assim como eu, são possuidores dos mesmos direitos e dos mesmos deveres. Prescindir disto é loucura.

   O problema geral é que pensadores modernos sequestraram a pobreza dos pobres, fazendo da mesma uma "logia" de classes, construindo uma espécie de propaganda e um construto para destruir inimigos, eliminar responsabilidades individuais, eliminar o direito dos pobres à liberdade, assim como para fundar justificativas que não fazem justiça aos pobres. Em sua fraqueza, mais uma vez a pobreza foi sequestradas e, para o mal destes, aqueles que os defendem são os mesmos que querem salvar o mundo - na verdade, destruir a razão e os inimigos.


   Nisto eu concordo com os marxistas: abaixo ao preconceito de classes.

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