sexta-feira, 3 de junho de 2016

Calculistas Vis e o Milagre




   Quem está vivo está sujeito a cometer crimes. Nesse sentido, um ser humano, dentro do campo das possibilidades, possui tanto um potencial para o bem quando para o mal. Ele pode vir a ser um assaltante, um batedor de carteira, um ladrão, ou pode vir a ser filiado ao PT. É uma questão de possibilidades ... Também pode vir a estuprar. Mas será que para não "corrermos o risco", podemos eliminar o mal pela raiz? Um radical proporá que para evitar crimes seria necessário eliminar o homem da face de Terra. Por isso, na crista das boas intenções até o genocídio pode ser uma boa opção por um mal menor, pois o pragmático e calculista fará as contas: "se o homem continuar a viver por um milhão de anos, segundo os meus cálculos ainda cometerá uma certa quantidade de crimes e assassinatos, e tantos assassinatos cometidos em um mesmo ano, eliminando a humanidade do mundo, não será nem a milésima fração da quantidade de crimes e sofrimentos que ele provavelmente poderá vir a cometer em um milhão de anos - por tanto, para o bem, e para preservarmos o universo de tão hediondo ultraje, eliminemos o mal pela raiz". Esse é o calculo feito também pelo abortista fanático, pois ele se preocupa demais com a ideia de custo-benefício, pois jamais poderá compreender qual é a aventura de estar vivo e como é que um pequeno ato de amor no mundo pode justificar a existência humana inteira assim como a existência de todo o universo, pois isso, por si mesmo, fugindo de toda ideia de cálculo - pois o amor não é quantificável, pois sua origem é eterna -, se põe muito acima de todo o sofrimento e de todo o mal possível.

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   Milagre é, mesmo em meio a um mundo onde tudo aparentemente foi feito para dar errado, em meio a um cosmo aparentemente indiferente e até mesmo hostil à existência do homem, ver a bondade brilhando inexplicavelmente no rosto do homem. A bondade, a generosidade e o amor não são possibilidades inerentes à natureza das coisas, como que produzidas por elas mesmas. São milagres explicáveis e justificáveis somente se há uma eternidade por trás de tudo o que existe. Por tanto a bondade brilhando no rosto do homem só pode ser justificada à luz da existência de um Deus de amor eterno. Com isso, se a mente do homem estivesse em estado de lucidez, vendo claramente as coisas, não seria a existência da maldade no mundo aquilo que deveria chocá-lo. Absurdo não é, em meio a tudo, a existência do mal e do sofrimento, mas sim a existência do bem e da felicidade. E é isso, e não outra coisa, que pode nos conduzir à compreensão de um sentido para a vida, pois sem isso a razão humana entraria em agonia, pois acima de tudo, de todo o sofrimento e de todos os males que se abatem em nossa vida, a possibilidade da vida, do amor e da felicidade é algo sumariamente impossível, incompreensível, mas nem por isso irreal; é um fato que se renova todos os dias diante de nós mesmos e que, por milagre, flutua contra todas as possibilidades da razão em meio ao nada. 

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