quinta-feira, 19 de outubro de 2017

O Brasileiro e a Lei

   O brasileiro, definitivamente, nem sonha com o que seja a tripartição de poderes, a soberania e a relação harmônica que essas esferas devem ter entre si. O que a galera quer é que os três poderes sejam mais ou menos três poderes, sendo um, o STF, maior do que os outros dois (o legislativo e o executivo) hierarquicamente.
   Definitivamente me parece que não temos tanto temperamento para a República assim - ou estamos em estado de crise vocacional -, mas sim para a anarquia, já que aqui não se quer a Lei, mas sim torcida. Por exemplo: para um senador, como o Aécio, que nem réu é, vejo colegas pedindo cadeia etc., mas não choram pela Gleise Hoffman que é ré por DOIS processos e nem pelo Renam Calheiros que é SETE VEZES réu.
   E a ignorância aumenta a brutalidade na medida em que todos ouvem a palavra Lei com um amargor a boca - e é justo que isso seja assim, dado o estado de coisas -, tendo também os ouvidos fustigados por oportunistas, junto com a preguiça de buscar as razões pelas quais as coisas são assim.
   A primeira vez que eu ouvi falar em devido processo legal eu tive horror quando vi isso aplicado a uma situação em que um notório corrupto foi absolvido por causa de provas ilegais no processo de acusação. Hoje eu sei que o nosso sistema de direito não pode se livrar dessa forma de encarar o processo legal sem regredir e degenerar, tiranizando justamente o mais fraco.
   Mas o que ocorre é que, infelizmente, um sistema de direitos não está à altura do barbarismo brasileiro que deseja resolver tudo na ira e com base em seu despotismo natural. Achamos que justiça é cadeia ou espancamento. Absolvição é corrupção. Com o domínio do arbitrário a correr em nossas veias não é a toa os mensalões, petrolões e as coisas serem como são.

P.S: A cima vai a foto de Montesquieu, o homem influente e mais sofrido do Brasil.

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