terça-feira, 24 de outubro de 2017

O Niilismo na Arte e a Demolição do Juízo

"Que a vida civilizada não seja possível sem determinados tabus - que alguns deles são de fato justificáveis e, por tanto, nem todo tabu é em si um mal a ser derrotado - é um pensamento demasiado sutil para os estetas do niilismo. É um bocado irônico observar que um alto representante da Academia Real exponha essa doutrina destrutiva* quando sabemos que o primeiro presidente da academia [Joshua Reynolds], de longe m homem mais qualificado e digno, escrevia o seguinte em seu Sétimo Discurso sobre a Arte: 'Um homem que pensa guardar-se contra preconceitos** [os padrões morais herdados e os tabus] pondo resistência à autoridade moral de terceiros, deixa em aberto toda uma avenida para anomalias, vaidades, autoenganos, obsessões, e muitos outros vícios, todos a deformar o julgamento'." (Dalrymple - Nossa Cultura... Ou o que Sobrou Dela. p. 183)

*Uma ideia niilista de arte foi exposta pelo presidente da Academia Real Inglesa de Arte em 1998.
**O que se compreende por "preconceito" aqui trata-se daquele elemento fundamental da filosofia do senso-comum, de origem inglesa, que afirma que ainda que não possamos rastrear a origem dos hábitos de uma sociedade (democracia, regras de tratamento, padrão linguístico, direito constitucional, regras de mercado, hábitos de auto-proteção, hábitos educacionais, tabus sexuais etc.), esses exercem sobre nós uma autoridade que cria uma ordem sem a qual muitas coisas seriam destruídas. Não se trata da distorção posterior feita por pensadores progressistas que afirma que preconceito é "racismo", "machismo" etc.

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