quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Uma Pequena Comparação


   Existem diferenças tão profundas entre cristianismo e islamismo que querer atribuir a maldade a um e a outro por causa da "religiosidade" - palavra tão injustamente maltratada nos dias de hoje -, é, ou desconhecimento, ou malícia premeditada. 
   Descrevo abaixo algumas diferenças:
   01) O Cristianismo começou com a morte de uma pessoa, e seguiu por quase três séculos com a morte ininterrupta de pessoas, a ponto de Tertuliano cunhar a famosa declaração: "o sangue dos mártires é a semente da Igreja"; o Islamismo, na solidão do deserto, começou empunhando cimitarras e matando pessoas, quando na invasão de Medina. Isso é incomparável com a instituição chamada Inquisição, que era um expediente interno, e não externo da Igreja Católica, não julgando os de fora, por tanto, mas os fiéis batizados. Toda força utilizada pela Igreja Católica na Idade Média, assim como por príncipes católicos, e, posteriormente, por príncipes protestantes e por líderes protestantes, não se comparam, jamais, à violência jihadista - e a produção do Estado de Direito e dos regimes constitucionais no Ocidente, permitindo a pluralidade e o pensamento divergente, é a prova que encerra toda dúvida.   
   02) Enquanto o islamismo seguia com seu ímpeto, conquistando espaços anteriormente cristianizados no norte da África, chegando à conquista do sul da França, da Espanha e de Portugal, tendo iniciado o processo em meados do século VII, o cristianismo iniciou as cruzadas para recuperar territórios europeus anteriormente conquistados no século XI, afim de não padecer o que sofre hoje uma grande massa de cristãos no Oriente Médio e na África Central com degolas, estupros - sim o Islã permite o estupro de infiéis - e escravização, já que o Islã é o responsável pela maior corrente cultural e política escravocrata da história da humanidade, algo abolido sumariamente pelos ingleses no século XVIII. 
   03) Enquanto na história do cristianismo se deu a possibilidade de a religião viver separada do Estado - sendo a fusão entre ambos algo ocorrido na história, não obstante inessencial para a fé -, institucionalizando as diferença religiosas em um mesmo Estado de Direito, o islamismo desconhece esta hipótese quando pode ser a maioria dominante. Existe uma exigência absoluta de islamização de um território por todos os meios possíveis, não sendo descartado a morte de infiéis. Matar ou morrer em nome do Islã e do Profeta é missão sagrada e que garantem a bem-aventurança eterna. 
   04) Enquanto o cristianismo foi quem carregou no colo a Europa após o desmoronamento do Império Romano, fazendo com que ela resistisse à debacle, lançando-a, após a transmutação da barbárie em graça, como uma luz no mundo moderno, tendo conquistado culturalmente o continente principalmente por meio da influência espiritual de reis e da população em geral, o Islã nunca se desfez da espada. O Irã veio a ser o país que é por meio da revolução armada; a Arábia Saudita veio a ser o que é por casa da guerrilha; a grande massa da África Central sucumbiu e sucumbe, hoje, à Jihad. 
   05) A grande parte dos conhecimentos científicos e tecnológicos tem a sua origem no depósito cultural que o cristianismo criou no mundo europeu por causa da sua doutrina que permite a assimilação entre espírito e natureza, o que levou a uma harmonização entre Sócrates e Jesus Cristo, entre ciência e religião - que apesar da falsa oposição propagandeada hoje, está plenamente de acordo com a doutrina da encarnação do Verbo, onde a eternidade se funde com a temporalidade. E é aqui mesmo que se explica a estagnação científica e cultural no Islã , que, ainda que tenha tido gênios no reino da matemática e filosofia no período da Idade Média, sofreu com que uma amputação em seu espírito quando, no século XVI, o xeque ul-Islam Kadizade, um clérigo ancião do Império Otomano, declarou que  a intromissão no segredo dos céus - no caso a astronomia -  era uma blasfêmia. É aqui que o mundo científico do islamismo sucumbiu, perdendo o seu poder intelectual virtuosíssimo acumulado pelas mãos de intelectuais realmente brilhantes como Averróis e Ibn Arabi.  
   Não estou dizendo que não houve e não há virtudes individuais nos adeptos do islamismo (e pensar que não existem é uma heresia mesmo para o pensamento cristão tradicional), pois eu mesmo tenho amigos virtuoso que seguem a fé islâmica. Também na história de nossa nação vemos indivíduos muçulmanos empreendedores, e que cresceram uma enormidade em seus empreendimentos. Da mesma forma, vemos que a história do Ocidente dá testemunhos evidentes de alienação, de perda da liberdade, já que o problema fundamental nosso é a imbecilização em massa. No caso do Brasil vemos a letargia e a incapacidade de se ver fora do campo dualista do pensamento - pouco a pouco superado - predominante justamente pelo desprezo olímpico ao estudo ou pela simples leitura, o que nos faz escravos de uns três ou quatro veículos de informação, sendo em muitos aspectos semelhantes no conteúdo, dividindo a cabeça dos brasileiros entre a informação hegemônica e tudo aquilo que não é ela. 
   No entanto aqui eu faço uma comparação de alguns pontos, apenas. E nesta comparação eu poderia falar mais sobre mulheres, democracia, inventividade, liberdade de pensamento, reconhecimento da individualidade, ou mesmo da exigência de fé e de retidão moral como pilares do cristianismo que faltam ao islamismo. Contudo eu creio que por hora estas distinções já falam alto contra o pensamento politicamente correto que, em prejuízo da realidade, prega a validação da fantasia e de um mundo abstrato que inexiste como mundo concreto. E este é justamente o mal do pensamento arrumadinho que não permite a análise e a comparação sensatas entre duas crenças que por semelhança só tem a palavra "religião". Por tanto o que temos descartando isso é a ruína do poder da cultura, que é a ruína da faculdade do juízo. E é isso que, para nossa ruína, nos impede de contemplar o mundo como ele é.

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