sexta-feira, 28 de junho de 2019

O Pensamento Reformado e o Livre-Arbítrio

   A negação do livre-arbítrio nas confissões reformadas está localizada em lugares específicos, e são nessas confissões que devemos encontrar a razão dessa negação e não no nível da apologética popularesca. Além do mais Calvino fez essa negação em um nível específico, muito bem fundamentado, e que encontra respaldo em uma caudalosa tradição teológica cristã - e de modo algum isso significa que Deus tornou-se o tirano da humanidade. Isso também significa que o livre-arbítrio assim como a razão humana permanecem no nível das "causas segundas", ou seja: no nível do plano natural, abaixo do nível da graça, como tudo o mais na criação deve permanecer. Agora seria difícil um certo pessoal confessar que Tomás de Aquino identificou, literalmente, a fatalidade grega com a providência na Suma Contra os Gentios, e só por um preciosismo de nome é que ele, seguindo o conselho de Agostinho, diferenciou a Providência cristã da Fatalidade Trágica dos gregos, mantendo, não obstante, em um nível de semelhança a realidade de essência de uma coisa com outra. Mas essa "monstruosa negação do livre-arbítrio", que no pensamento reformado diz respeito ao bem sobrenatural - assim como em Tomás de Aquino e Agostinho -, e não a bem natural, foi designada como "determinismo" por gente bem pouco ilustrada e cheia de rancor contra o protestantismo. Só um tolo desprovido de estudo não sabe que essas coisas não são assim, como alguns apologetas mirins que vivem publicando por todos os lados a ignorância deles.

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