sexta-feira, 28 de junho de 2019

Schelling, Platão, o Espírito e a Realidade


 F. Schelling é quase um milagre em meio a filosofia alemã do séc. XIX. Ele cumpre funções análogas às de Platão em Atenas, pois, após a sua morte, segue-se uma era de epígonos e da degradação do pensamento. Podemos dizer que tanto em Platão como em Schelling o que vemos é a incrível história da acessão do espírito ao zênite luminoso do Absoluto seguido de uma decadência das sociedades históricas em que viviam. Platão tece a sua filosofia em meio aos estágios finais da degradação de Atenas. Schelling, vivendo no período da ascensão do império alemão, também assiste a degradação política européia e a secularização cavalar e corrosiva gerada pelo avanço dos ideais iluministas e da revolução francesa em todo seu resplendor luciferino. Ambos encontram forças de resistência na ascensão às regiões do espírito, encontrando na Ideia o ponto axial de sustentação da alma; ambos realizam o juízo da realidade sob o pano de fundo do Absoluto, já que por ele o mundo é visto sob a coação das imperfeições a que está sujeito tudo o que se encontra sob o domínio do tempo; em ambos o ideal é o ponto de juízo a partir do qual é possível determinar tudo aquilo que é real.

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