segunda-feira, 18 de maio de 2020

Hegel e a Supremacia da Ciência do Espírito

   Lendo o Fenomenologia do Espírito de Hegel você percebe como ele concebe de forma altamente elevada o próprio conceito de espírito, destacando com isso o quão grosseiro é tomar as ciências naturais como a ciência suprema e diretriz da humanidade - já que ela é, para Hegel, segundo o pano de fundo do espírito, carente-de-conteúdo .
   A razão dessas considerações é simples: as ciências naturais lidam, no máximo, com a observação de elementos orgânicos e inorgânicos, sendo que a redução da consciência humana a esses dois gêneros de coisas é algo abaixo da própria humanidade. É justamente por isso que Hegel considera a filosofia a ciência suprema, pois por poder abarcar os níveis orgânicos (animais, plantas) e inorgânicos (pedras, a terra etc.), ainda abarca o universo do espírito humano ou da consciência, e é nesse nível apenas que captamos o conceito universal de humanidade - pois no homem abarcamos todos os níveis do ser.
   Seria ridículo, por exemplo, uma ciência política baseada na pura biologia, assim como seria o ofensivo para a humanidade do homem ser objeto exclusivo das ciências biológicas ou da física, pois tais ciências são incapazes de captar o que é próprio do homem, que, além da sua realidade física imediata, é caracterizado pela razão, pelo espírito e pela liberdade.

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