sexta-feira, 1 de maio de 2020

Teologia da Expiação e a Falsa Oposição Entre Substituição e Participação

   Quem opõe o conceito de substituição ao conceito de participação na teologia da expiação geralmente não sabe ou deliberadamente ignora onde a expiação começa e também onde termina.
   O erro dos participacionistas são esses três:
   1) Parece que eles não levam a sério o fato de que Cristo substitutivamente fez o que não poderíamos, pois na cruz ele consuma a sentença de morte em si para aboli-la - não há simetria entre a nossa morte em Cristo e morte de Cristo;
   2) A nossa participação na cruz, que traz em si a promessa da participação na glória de Cristo, não é a causa graça, antes é o efeito da graça, pois não é possível participarmos dos sofrimentos de Cristo se antes não formos agraciados pelos efeitos desse sofrimento de Cristo (Fl 1:29);
   3) A razão dos nossos sofrimentos fazem parte da nossa união com Cristo, pois, como diz Agostinho, aquilo que ocorre à cabeça também ocorre com o corpo (Agostinho diz isso tanto a respeito da ira de Deus como a respeito das perseguições demononíacas - cf. Comentário ao Sl 87.15), ainda que isso se dê em um corpo justificado. As "iras" são corretivas, enquanto que as perseguições resultado das guerras contra Cristo. Não obstante a isso, Cristo e a obra divina abrem, inimitavelmente, as portas da graça da participação a todos nós.
   Enfim, não há simetria entre a obra de Cristo e a nossa obra, e é por isso que num primeiro plano a obra de Cristo é substitutiva e só depois então pode ser participada (mas a nossa participação não é expiatória). Se participamos da cruz de Cristo é por obra da graça; mas se Cristo carrega a cruz é para abrir para nós as portas da graça, sendo ela, por tanto, causa da graça para nós.

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