sábado, 25 de abril de 2020

Olavo e Bolsonaro: A Equação Insana para o Novo Mundo

   Os discursos do Bolsonaro e do Olavo sobre o "povo no poder" é um discurso chavista - e em alguns pontos maoísta -, só que com os sinais realmente trocados - as instituições são o mal, cultura plebiscitária (que era o que a Dilma e até a Marina Silva queriam), povo no poder etc. Há, guardadas as devidas proporções, suas diferenças, óbvio.
   Também é interessante a permuta que de forma sucinta essa gente faz com a palavra "povo". Não tem como ser iludido quanto ao significado, já que "povo" não é todo mundo, mas é um "povo legítimo", ou, como o Bolsonaro disse, o patriota, já que no Brasil não há mais espaço para quem não seja patriota.
   De um lado a galera diz que ele foi "eleito democraticamente" (e foi), mas por baixo a mensagem é que essas instituições que permitiram essa eleição democrática não o deixam governar, e que agora ele deve salvar a democracia da própria democracia. Segue-se daí adiante que o Olavo, num surdo verdadeiramente hegeliano, afirma que o "Bolsonaro é o líder natural da revolução brasileira, predestinado para quebrar a espinha do estamento burocrático". E como se faz isso? Derrubando as instituições, coisa que o Olavo já disse que seria necessário fazer.
   E aqui vão os dados da equação desse discurso enigmático: 1) o "povo" é a "militância"; 2) não há lugar no país para quem não seja patriota, ou: a política só é legítima de verdade para militante; 3) Pois é necessário satanizar os inimigos da pátria; 4) As instituições (com a quais ele disse que não há negociação), mesmo aquela pela qual ele foi eleito, são problemáticas e até inimigas do povo; 5) Num surto hegeliano o Olavo enxerga em Bolsonaro o seu Napoleão, o seu "Espírito" Montado a Cavalo, o agente da inauguração do Novo Mundo (o novo Brasil do Bolsonaro); 6) Mas antes isso não pode se dar sem a intervenção plebiscitária (mesmo se for uma democracia de redes sociais) - tipo o seu "terceiro estado" -, mediante uma democracia de alta-voltagem que substitua as instituições; 7) Olavo engana todos dizendo que isso é política conservadora - pois jamais será.

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