terça-feira, 22 de setembro de 2015

A Dialética e o Pensamento Perverso


      Existem alguns homens perversos que só sabem julgar em bloco. Que ficam querendo nos colar junto a alguns personagem excêntricos e histriônicos. Para mim é indiferente o que dizem os bolsonaros, os carvalhos, os azevedos da vida. A única pessoa que eu permito me representar diante de que quer que seja é este quem vos fala - pois tenho certeza que estes não tem o mínimo interesse de me representar, também -, e, diante de Deus, no juízo final, a Jesus Cristo, meu Santo Senhor.

   Eu sou o apóstolo de minhas ideias, e responsável por elas, independentemente do que dizem x ou y acerca de x ou y assuntos. Não é porque citamos algum autor ou concordamos com determinadas ideias que alguém também professa, que nós, ipsis literis, aderimos de maneira incondicional a tudo o que alguém diz ou pensa. Somente uma criança, um inepto ou quem tem sérios problemas psicológicos, mentais ou morais pode analisar discursos assim.


   Existe uma técnica que poucas pessoas conhecem, que é a técnica da dialética - ainda que ela seja a forma própria de meditação ou de qualquer investigação humana -, e que se serve de um processo de depuração de ideias, permitindo que façamos a separação científica de coisas boas das coisas ruins até chegar a um conceito ou ideia pura. Isso serve para a análise da História, das personalidades e de grupos. É o procedimento de qualquer análise científica. Nesse sentido, caro amigo, você pode até acreditar em uma ideia boa, que é também esposada - pelo menos em seu enunciado - pelo próprio Lula, ou pelo Renam Calheiros, sem necessariamente apoiar as razões perversas por meio das quais eles aderem a tal ideia, ou sem ser deixado levar pelo ardil psicológico ou pela vaga emocional com por meio das quais tais sujeitos publicam a mesma ideia. Um exemplo disso é a forma como eles apoiam a ideia de "justiça social", com a qual todas as pessoas com um mínimo de coração concordam também.


   Esse negócio de não ser possível separar a ideia do sujeito é pura falta de habilidade intelectual, ou até mesmo representa a superabundância de perversidade daqueles que sabem que podem derrubar algum desafeto por meio de associação entre ideias e pessoas, não fazendo a distinção entre ideias e pessoas, misturando uma coisa à outra, e não dando atenção ao contexto da evolução das ideias ou aos filigranas (pequenas inserções que podem modificar o sentido total de um texto). A técnica é simples: basta você encontrar enunciados ou ideias que indivíduos perversos divulgaram, e encontrar semelhanças entre esses e ideias e enunciados que algum inimigo seu também publicou - sem levar em conta o contexto, a evolução das ideias ou como elas foram aplicadas historicamente -, e pronto: você tem um falso argumento poderoso para dizer que um desafeto seu é mau, sem necessariamente dizer explicitamente que ele é mal: a própria associação da conta do recado. Qualquer um que estude retórica sabe que este ardil é extremamente utilizado em retóricas de partidos políticos, nas disputas de poder, no jornalismo, nas academias, e também nas disputas judiciais.


   No entanto eu dou uma pista para que se possa chegar a aquilo que eu tenho defendido, por hora: recorra ao que eu escrevo - o que não esta encoberto - e me pergunte pessoalmente o que eu penso sob determinados assuntos. É com isso que você encontrará "provas" contra mim. Somos indivíduos, e como indivíduos cada qual deve ser tomado como indivíduo, e não como alguém absorvido em uma massa informe de pensamentos e pessoas (o que Freud já descrevia como a característica própria de um bebê com relação a sua mãe). Já não sou mais criança para ter sobre mim tutores.

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