quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Conflito de Visões


      O drama dos refugiados é, essencialmente, um terrível drama de ordem política, cultural e, sobre tudo, moral. E certamente os nossos sentimentos humanos afloram diante desta enorme catástrofe.

    É interessante notar, porém, que os países cuja religião é, fundamentalmente, a religião islâmica, se recusam terminantemente a receber seus próprios irmãos de fé. Mas a Europa é obrigada a fazê-lo e, se não fazem, são xenófobos, racistas etc.

    É óbvio que não se deve aqui julgar em bloco - algo que qualquer pessoal com dotada do mínimo de raciocínio deveria fazer -, como se todos refugiados fossem, em si, uma ameaça universal, ou que nenhuma integração ou acolhimento destes refugiados deferiam ser feitas. No entanto é impossível não considerar que esta invasão em massa não o seja uma ameaça.

   São mais de 5 milhões de refugiados, número maior do que o da Segunda Guerra Mundial; isso revela o drama terrível que esta sendo vivenciado nesses países, onde radicais islâmicos estão, em nome da "fé", promovendo uma verdadeira carnificina para a glória - ou infâmia - do Islam.

    Etnocentrismo, eurocentrismo, islamofobia? Quem são os maiores pregadores do medo ao Islam a não as lideranças do Islam? Eis uma questão que abre outra, a saber: a capacidade das culturas e dos sistemas políticos comportarem um choque cultural tão grande, assim como evitar que a própria Europa não se veja, em algum momento próximo, diante de um colapso que, em pequena escala, já podemos vislumbrar em bairros franceses, ingleses, alemães, holandeses etc.

    Aqui, também, não podemos capitular diante de um fato óbvio, que trata-se da infiltração terrorista que, mesmo em pequena escala, já se fazia presente na Europa – assim como se faz presente mesmo nos EUA e demais países da América do Sul. No início do ano, vi muitas pessoas dizerem "Je Suis Charlie", sem perceberem, hoje, que o ataque veio das raias do terrorismo islâmico. Fato óbvio que com uma imigração em massa dessas pode vir a aumentar os riscos desses atentados de maneira exponencial, cujo fator de origem cultural não pode ser ignorado jamais.

    O islam é uma religião que tem um forte apelo de vínculo, e que une culturalmente as pessoas de maneira intensa, criando redes que auxiliam no estreitamento dos vínculos afetivos e intelectuais dos integrantes, o que faz da comunidade ser facilmente tentada por propagandistas terroristas e sua visão cultural do mundo. Isso também explica o porquê que países de maioria islâmica só aceitam a Sharia (a lei islâmica), como lei que rege a vida da comunidade. Diferentemente do Ocidente que passou por reformas religiosas e políticas, e que desde sempre conseguiu uma convivência entre Deus e César, cindindo o Estado e a religião, não criando um prejuízo na essência da fé ou na comunidade religiosa que reconheceu em sua tradição que a razão natural do homem era fonte de autoridade compatível com a autoridade divina (algo que é claro em Santo Agostinho, Santo Tomás de Aquino, Thomas Cramer e Richard Hooker), o Islam não pode compreender o que significa a separação entre o estado e a religião, pois o Corão e as Sunas são fontes de autoridade suprema e de jurisprudência. E isto sempre foi assim: Maomé era um líder religioso e político que assumia todas as pastas.

    E isso significa mais: segundo o historiador Nial Fergusson e o psiquiatra e crítico cultural Theodore Dalrymple, o Islam se viu, por séculos, estagnado diante do progresso científico, que por sua vez encontrou amparo na cultura onde vigorava a tradição cristã. Tal como viu pensadores islâmicos - como René Guenón -, o cientificismo ocidental era puro satanismo, pois tendia colocar alguma verdade ao lado da verdade divina. No cristianismo, a capacidade de assimilação da filosofia e das ciências nunca foi vista como algo mal ou ameaçador, em essência, para a fé, mas, pelo contrário, algo natural à própria fé. Tal distinção é aquilo que provoca a cisão radical entre a visão ocidental cristã e a visão islâmica (que só consegue enxergar o Ocidente como cristianismo). Isto torna inconfundível a percepção de que tais movimentos jihadistas na era contemporânea tem um sabor de messianismo e de serviço sagrado. Algo relacionado com a salvação da humanidade das garras do Grande Satã - tal como os EUA são vistos por países muçulmanos e mesmo por socialistas, marxistas, maoístas, leninistas, trotskystas etc.

    Com todos esses fatos, cabe-nos considerar as suas implicações no período moderno diante de um Islam que tende a ser inflexivelmente reativo às questões que foram postas pelo iluminismo - na esfera política, científica e filosófica -, não podendo assimilar as suas exigências sem prejuízo e sem a ruína da própria fé.

    Enfim, que o Islam vive hoje é de um período de agonia e de desespero de auto-percepção que sempre desencadeia atitudes altamente violentas diante de suas supostas ameaças. E juntamente com isso, frente ao drama humanitário a ser resolvido na integração dos refugiados, cabe-nos considerar quais as consequências que teremos desta imigração em massa (evidentemente proposital por parte dos terroristas), cujas origens são países islâmicos destruídos por islâmicos, e cuja dificuldade de adaptação às demandas do Ocidente já se demonstraram por demais óbvias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário