quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Hegel e a Finalidade da Arte


   Já se foi o tempo de G. W. F. Hegel em que, considerando o destino, a finalidade e a essência da arte, era possível definir assim a essência da arte: 
   "O seu mais alto destino, tem-no a arte em comum com a religião e com a filosofia. Como estas, também ela é uma expressão do divino, das necessidades e exigências mais elevadas do espírito."
   "Despertar da alma: este é, dizem-nos, o fim último da arte, o efeito que ela pretende provocar. Quando sob este apecto consideramos o fim último da arte [...] logo verificamos que o conteúdo a arte compreende todo o conteúdo da alma e do espírito, que o fim dela consiste em revelar à alma tudo o que a alma contém de essencial, de grande, de sublime, respeitoso".
   "A arte teria por fim , sobre tudo, l'aduciment de la barbarie [suavização do bárbaro], e é certo que, para um povo que mal entrou na vida civilizada, esta suavização dos costumes constitui, com efeito, o fim principal que a arte se destina. Acima deste fim, situa-se a moralização, que durante muito tempo se considerou como o mais elevado."
   Contudo, nem tudo são luzes, pois o filósofo alemão também afirma:
   "[A arte] Tem o poder de nos experimentar em todas as infelicidades e misérias, de nos tornar presentes o mal e o crime. Graças a ela temos o poder de sermos testemunhas pávidas de todos os horrores, experimentar todos os pânicos, podemos ser revolvidos pelas emoções mais violentas. Pode a arte erguer-nos à altura de tudo o que é nobre, sublime e verdadeiro, arrebatar-nos até a inspiração e ao entusiasmo, como pode mergulhar-nos na mais profunda sensualidade, nas paixões mais vis, abafar-nos em uma atmosfera de volúpias, e bandonar-nos desamparados, esmagados pelo fogo de uma imaginação desenfreada."
   Nesse caso temos o niilismo estético, a quebra absoluta de valores levada a cabo em nome de uma pretença liberdade por meio da qual se deseja expressar a animalidade mais vil do homem como um valor entre outros. O igualitarismo vigente que incita ao nivelamento por baixo de tudo o que é humano, associado a uma liberdade ilimitada só pode resultar na degeneração tal como vimos no espaço cultural do Santander, a anti-arte concreta.

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