terça-feira, 26 de setembro de 2017

Juízo Final e a Relação Entre o Tempo e a Eternidade

   Uma das dificuldades do pensamento humano é distinguir tempo e eternidade. Por exemplo, quando as pessoas ouvem falar de "Juízo Final", é difícil não haver um espanto e compreender esse evento como o ponto conclusivo no tempo.
O problema é que para o cristianismo Deus é um agente do Juízo Final e por isso Ele não está sujeito ao tempo. Mas como é que podemos harmonizar tempo e eternidade? O Juízo Final é um evento no tempo? Não e sim; não porque tem Deus como agente e sim porque Deus se encarna no tempo. Poderíamos dizer que assim como encarnação de Cristo é a plenitude do tempo , o Juízo Final também é, mas esse último o é em uma escala que eleva o mundo ao nível da imortalidade e à efetivação de Deus no tempo de tal maneira que o tempo é transcendido em Deus.
É por isso que é inútil calcular datas para a segunda vinda de Cristo, pois essa Segunda Vinda trata-se não do resultado conclusivo do tempo em si mesmo e dos eventos nele, mas da irrupção radical da realidade essencial de Deus no tempo, sendo o tempo absorvido na realidade eterna de Deus, o que leva o tempo para a sua plenitude. Calcular a Segunda Vinda de Jesus com base em catástrofes, eventos temporais e mesmo em sua intensidade é nivelar a ação da eternidade à contingência da natureza, evidenciando um desconhecimento da natureza de Deus. Os sinais e catástrofes apontam para a realidade finita e contingente do mundo e é essa fragilidade finita que implica em um sustento do mundo por parte de uma substância eterna.
Podemos concluir que é só para isso que servem os sinais, ou seja: para mostrar o caráter transitório do mundo e para mostrar que ele, por si mesmo, é inviável, assim como para mostrar que a natureza humana só pode ser satisfeita na escala da imortalidade e eternidade do Deus que prometeu irromper de uma vez por todas em sua totalidade na história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário