sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O Paradoxo da Tolerância e o Evangelho

   Um amor real nunca "aceita tudo". A confusão entre amor e tolerância se dá justamente por causa da incompreensão do paradoxo da tolerância, onde a elevação desta ao nível do princípio acaba por dar espaço ao seu contrário.
   Mas vamos entender: será que a tolerância é boa quando, em nome da diversidade, colocamos em um mesma cercado lobos e cordeiros? O mesmo se dá com a liberdade ilimitada: a liberdade igual entre lobos e cordeiros é sentença de morte aos cordeiros.
   O amor é o equilíbrio justo e hierárquico das diferenças e não a tolerância elevada ao nível do princípio. A tolerância só é possível com uma estabilidade consensual sustentada por regras: a diferença é um aspecto permanente da humanidade, mas ela deve ser equilibrada por um justo meio onde as pessoas aceitem determinadas leis que subjugam a todos por meio de um contrato social.
   Esse tem sido o consenso político do ocidente, cuja base cultural é tanto cristã como iluminista e cuja junção se deve mais a um arranjo pragmático do que a um motivo principiológico. Mas a tolerância cristã só se ajusta a isso porque fundada no amor do Evangelho que apregoa a paciência de Deus que leva o homem ao arrependimento e à salvação, e não por causa de um nivelamento acrítico de todas as diferenças que é uma caricatura diabólica do amor para quem "tudo é bom ao seu modo".

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