quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

As Línguas Originais Bíblicas e a Ampliação do Universo de Significado

    Um dos grandes ganhos - o principal, na verdade - de conhecer as línguas originais da bíblia é a ampliação do nosso universo semântico e consequentemente o aumento do nosso poder de compreensão da extensão das possibilidades de aplicação de determinadas palavras do texto bíblico.
    Um exemplo disso é o Oitavo Mandamento que diz: não furtarás. No hebraico o Oitavo Mandamento (Êx 20.15) - segundo o protestantismo - é escrito da seguinte forma: לֹ֣֖א תִּֿגְנֹֽ֔ב׃ (lo' tignov). A raiz de תִּֿגְנֹֽ֔ב é גנב (gnv), que significa não apenas "roubar", mas também "sequestrar", incluindo aí o sentido do furto de "bens não visíveis".
    Um exemplo da aplicação da palavra גנב para o sentido de "sequestro" está em Gn 40.15, quando José, o filho de Jacó, diz ao copeiro "fui sequestrado" (כִּֽי־גֻנֹּ֣ב גֻּנַּ֔בְתִּי) da terra dos hebreus.
    No caso do roubo de bens invisíveis temos 2Sm 15.6, onde Absalão, filho do rei Davi, "roubava o coração dos homens" (וַיְגַנֵּב֙ אֶת־לֵ֖ב אַנְשֵׁ֥י יִשְׂרָאֵֽל) se aproveitando da negligência de Davi em julgar a causa do povo, conquistando o favor do povo para promover um levante (uma guerra) contra seu pai, o rei Davi.
    Contudo, certamente, o texto de Êx 20.15 tem muito o sentido imediato de furto de coisas visíveis - mas em um sentido mais profundo podemos aplicar a ideia de "furto" a esses exemplos dados que, obviamente, constitui também pecado.

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