sábado, 2 de janeiro de 2021

As Razões Pelas Quais Se Estabelece que Os Negadores da Divindade de Cristo não São Protestantes

    Os negadores da divindade de Cristo não são protestantes, e as razões pelas quais isso se dá são as seguintes:

    Os cinco princípios da Reforma (Sola Gratia, Sola Fide, Soli Dio Gloria, Solus Christus e Sola Scriptura) não são meros esquemas sem nenhuma determinação de conteúdo. Há de se levar a intenção dos reformadores na consideração de tais princípios que, na verdade, são sistematicamente interligados, o que torna tais princípios um conjunto irredutível de afirmações.
    Pois bem, vamos às considerações:
    1) Você não pode afirmar o Solus Christus sem considerar toda a cristologia por trás desse princípio e como tal princípio foi considerado no contexto da Reforma pelos reformadores. Se Cristo é o nosso Salvador, possuindo a posse da salvação absoluta e a posse absoluta do Espírito através do qual a economia da salvação é efetuada, é impossível não considera-lo Deus.
    2) Ademais, a própria Escritura (Sola Scriptura) afirma que Jesus é Deus (Jo 1:1), e por outro lado, os negadores da divindade de Cristo invariavelmente negaram o poder salvífico divino, o que nega também o Sola Gratia (Socinianos e Testemunhas de Jeová) e, consequentemente, o Sola Fide - já que pressupõe a salvação com base em obras. Então é impossível que isso seja protestantismo.
    3) Por razões já explicitadas não há possibilidade da consideração da Reforma sem o princípio do Sola Gratia. E não deixa de ser elucidativo que a própria teologia da expiação dos socinianos como das testemunhas de Jeová sejam exemplaristas, no sentido de que Jesus ao assumir a Cruz tornou-se causa de salvação por mostrar por meio de seus exemplos qual era o caminho da salvação. Isso é negação frontal do Sola Gratia.
    4) Tal consideração nega, consequentemente, o Sola Fide, que no contexto da Reforma trata-se da afirmação da fé como causa instrumental da salvação, no sentido que a fé é o meio pelo qual alcançamos a graça da justificação. Mas mesmo esse princípio pressupõe: 1) Que a fé é a fé no Cristo como causa de salvação, e se Cristo fosse mero homem, tal fé seria idolatria, já que no Cristianismo fé é a fé na pessoa de Cristo e não meramente em suas palavras - diga-se de passagem que se Cristo não fosse Deus o Soli Dio Glória não faria sentido; 2) Que a fé é dom de Deus (Ef 2:8-10) e não simples disposição da vontade ou mero assentimento racional desassistido da graça iluminadora do intelecto e fortificadora da vontade.
    5) No cômputo final, aqueles que negam a divindade de Cristo negarão o Soli Dio Gloria, já que pressupõe a salvação mediante méritos pessoais, o que é algo que aparta a glória divina da glória humana, tornando a salvação recompensa e não graça. Além do mais, se Cristo não é Deus e salva, logo a salvação também é realizada por um ente puramente humano como causa de salvação, e não pela pessoa divina e humana de Cristo. Obviamente Jesus é mediador enquanto homem também, mas não realiza a salvação enquanto homem apenas, já que a sua divindade está pressuposta como causa meritória de Salvação na expiação dos pecados. Não há salvação independente de Deus, pois na economia presente só Deus pode Salvar, e Jesus é chamado de Salvador, não como mero nome, mas como título divino (Jn 2:9).
    Essas são as razões pelas quais os negadores da divindade de Cristo não são protestantes.

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