segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Notas Sobre Amizade, Verdade e Cristo



   Existem pessoas que não enxergam a crítica como uma forma de amizade, já que acostumados a ver nos laços de fidelidade e nas lisonjas algo verdadeiro em si mesmo. Tal posição é irracional e perversa, pois se somos obrigados a dizer incondicionalmente SIM a tudo o que alguém diz, e não polindo-o com a sinceridade, não temos amizade, mas escravidão da alma e servidão atroz. O maior ouro que um amigo tem a oferecer a outro não é a fidelidade incondicional, mas a verdade, pois isto é a base eterna de um relacionamento eterno; e se não possuímos uma disposição de agir com verdade, mas com hipocrisia ou com lisonjas, não amamos a ninguém, nem a nós mesmos, mas a uma ilusão perversa e doentia que tende a destruir a nós mesmos e ao outro: alguns confundem amizade com um egoísmo viciado.
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Como mudar integralmente o mundo concreto é algo impossível, aqueles que possuem as ganas de "mudar o mundo", e que o querem a qualquer preço, decidem operar em outro campo: na mente das pessoas. Não conseguindo mudar o mundo, o mais fácil é, por tanto, mudar a ideia de mundo. A guerra operada no campo da mente - ou no campo da cultura - é algo evidente demais nos dias de hoje: as ideias mudam constantemente em uma velocidade alucinante, as fidelidades se desfazem e os laços são rompidos. A rapidez frenética com a qual as pessoas de hoje mudam de opiniões, chegando ao cúmulo do ridículo de achar que a mudança é algo bom em si mesmo, não revelam um traço de criatividade e nem mesmo de evolução ou inteligência: trata-se de um sinal de impotência, de falta de força ou mesmo da impossibilidade de dizer um SIM àquelas coisas permanentes. Isso é idêntico à situação de quando pegamos uma pessoa em uma mentira: ela começa e inventar histórias. Isso nada mais significa que: impotência com relação à fidelidade, à verdade, aos compromissos firmados e à coragem.
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A própria confusão entre Deus e aquilo que pensamos de Deus é, em si, um pecado, já que podemos, como os fariseus, colocar a nossa própria Teologia em substituição à verdade. Podemos colocar não só a nossa Teologia, mas as nossas experiências pessoais, os nossos sentimentos - que muitas das vezes vemos confundidos com a ação do próprio Espírito -, e a nossa vontade no lugar que só a Deus pertence, e em substituição ao próprio Deus. Alguns, na falsa certeza de que adoram a Deus estão, no fim das contas, adorando a si mesmos, e crucificando para si a verdade. Esta é, no fim, a história do próprio Jesus Cristo: quando Ele se apresentou, de fato, como A VERDADE, a maioria dos fariseus, saduceus e muitos judeus - o que iria suceder (e continua sucedendo) igualmente no Mundo todo - preferiram ficar com os seus próprios pensamentos, crendo de maneira absurda que estavam adorando a Deus. Este é o egoísmo vicioso; um pecado eterno imperdoável contra o próprio Espírito Santo.

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